Carlos César é o mandatário nacional do PS
Líder da bancada não é candidato a deputado, mas vai participar na campanha como mandatário.
Carlos César é o mandatário nacional das candidaturas do PS às eleições legislativas de 6 de Outubro. Esta escolha consagra assim o papel central que Carlos César tem desempenhado no consulado de António Costa à frente do partido. Aos 63 anos, Carlos César decidiu não se candidatar a deputado, uma opção que deixou transparecer em entrevista ao PÚBLICO em Maio.
Manter-se-á, no entanto, como presidente do PS e como membro do Conselho de Estado, órgão consultivo do Presidente da República a que regressou em 2015 depois de ter sido seu membro por inerência durante os 16 anos em que foi presidente do Governo Regional dos Açores.
Quando António Costa foi eleito secretário-geral do PS, em 2014, Carlos César assumiu a presidência dos socialistas. Desde então tem sido uma das peças chaves da direcção do partido e da execução da estratégia de conquista do poder e da governação de António Costa.
Em 2015, foi eleito líder do grupo parlamentar do PS e, durante os quatro anos da legislatura, foi responsável pela tarefa de gerir a frente parlamentar socialista em circunstâncias peculiares. A bancada do PS é a segunda força no hemiciclo de São Bento, com 85 deputados (um dos 86 eleitos tornou-se entretanto deputado não-inscrito), face aos 102 parlamentares eleitos pelo PSD.
Como líder parlamentar e presidente do PS, Carlos César esteve no centro das negociações para a assinatura dos acordos parlamentares do PS com o BE, o PCP e o PEV, que suportaram na Assembleia da República o Governo de António Costa durante a legislatura. E foi ele que, enquanto líder parlamentar, tutelou em nome da bancada socialista todas as negociações com os parceiros de aliança ao longo dos quatro anos.
Por outro lado, Carlos César desempenhou a tarefa de manter a paz dentro da bancada socialista, garantindo uma legislatura sem crises internas. Mas fez questão de, por várias vezes, dar espaço para que os deputados assumissem a sua autonomia perante o Governo. Dois exemplos: a discussão sobre o IVA das touradas no Orçamento do Estado para 2019 e nas negociações sobre Lei de Bases da Saúde.
Em relação às touradas, Carlos César foi o primeiro subscritor de uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado em que os socialistas defenderam a manutenção do IVA a 6% nos espectáculos tauromáquicos. A proposta do PS acabaria por chumbar, já que a maioria dos socialistas votasse ao lado do Governo, independentemente da disciplina de voto. Mas o IVA ficou em 6%, devido à aprovação, com o voto de alguns socialistas, de propostas idênticas apresentadas por outros partidos.
Já nas negociações da Lei de Bases da Saúde, foi Carlos César quem deu a cara em nome do PS contra a insistência do BE em que as parcerias público-privadas ficassem proibidas. Na versão final do diploma elas não são mencionadas mas não ficaram excluídas.