Nas vésperas do G7, Macron diz que regresso da Rússia ao grupo deve ser debatido

Merkel e Boris Johnson são mais cautelosos. Os países mais industrializados reúbem no fim de semana em Biarritz.

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Emmanuel Macron Philippe Wojazer/Reuters

O Presidente francês considerou que é “relevante” debater o regresso, a prazo, da Rússia ao grupo das nações mais industrializadas, do qual foi convidada a sair na sequência da anexação da Crimeia, em 2014. “A condição prévia essencial é que seja encontrada uma solução em relação à Ucrânia com base nos acordos de Minsk”.

As declarações de Macron surgem depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter defendido o regresso da Rússia a este grupo de países, que desde que a Rússia saiu passou a ser denominar-se G7.

“Faz muito mais sentido ter a Rússia”, disse Donald Trump em declarações aos jornalistas na Casa Branca na terça-feira, acrescentando que “podia muito bem apoiar” o regresso da Rússia ao G7, que assim passaria novamente ao formato de G8.

Em Junho do ano passado, Trump já tinha defendido o regresso da Rússia ao grupo, introduzindo então mais um elemento de tensão nas relações entre os Estados Unidos e estes parceiros no contexto da guerra comercial.

“Porque é que estamos a ter uma reunião sem a Rússia”, questionou então Trump. “Eles deviam deixar a Rússia voltar porque devíamos ter a Rússia na mesa de negociações”.

A reunião das nações mais industrializadas é um encontro informal dos líderes políticos que acontece todos os anos, desde 1975, com uma presidência rotativa do Canadá, França, Itália, Japão, Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido, com a presença também da União Europeia e até 2014, da Rússia.

A cimeira deste ano decorre em Biarritz, sudoeste de França, nos dias 7 e 8 de Agosto. 

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que na quarta-feira se reuniram em Berlim para discutir o “Brexit” (Johnson está nesta quinta-feira com Macron), disseram ser prematuro considerar o regresso da Rússia.

Merkel reconheceu alguns “movimentos ténues” na aplicação dos acordos de paz na Ucrânia Oriental”, numa conferência de imprensa com Johnson. “Se houvesse progressos com certeza que teríamos uma situação nova”, acrescentou a chanceler, referindo que “não foi possível avançar mais”.

Boris Johnson concordou com as palavras da chanceler alemã. “Concordo com a chanceler, a situação que permitirá o regresso da Rússia ainda está por concretizar”, vincou.

O primeiro-ministro britânico destacou as “provocações” da Rússia na Ucrânia, mas também noutras ocasiões, citando “o uso de armas químicas em solo britânico”, em Salisbury, quando um antigo agente duplo russo e a sua filha foram envenenados com o agente neurotóxico Novitchok, em Março de 2018. Sobreviveram ambos.

A Rússia negou sempre a sua implicação no caso.