Detido em Évora um dos “maiores traficantes de armas do mundo”
Jacques Monsieur vai ser ouvido esta sexta-feira no Tribunal da Relação de Évora, com vista à sua extradição. Detenção foi possível graças à “paixão do traficante por cavalos”, revelam investigadores.
É classificado pela imprensa belga como “um dos maiores traficantes de armas do mundo” o homem que foi preso na Herdade do Zambujal, em Évora, na sequência investigações que envolveram as polícias belga, francesa e portuguesa.
Jacques Monsieur, que ficou conhecido por sucessivas condenações por tráfico de armas, foi encontrado na quarta-feira à noite nesta herdade, confirmou a polícia federal belga, depois de a notícia ter sido avançada pela cadeia de televisão flamenga VTM .
Monsieur será ouvido esta sexta-feira à tarde no Tribunal da Relação de Évora, ao que o PÚBLICO apurou. “No âmbito da cooperação internacional foi detido pela Polícia Judiciária, esta quarta-feira à tarde, um indivíduo que está indiciado por associação criminosa e tráfico de armas. O pedido de detenção foi feito pelas autoridades belgas. Será presente esta sexta-feira no Tribunal da Relação de Évora”, disse fonte da Polícia Judiciária. Segundo a agência Associated Press, a Bélgica vai pedir a extradição do traficante de armas.
Foi a “paixão” por cavalos que denunciou o belga, de acordo com os investigadores. Escondido em Portugal, acabou por ser encontrado depois de ter contratado um criador francês para transportar nove animais que se encontravam em Tarascón, na Provença (França), onde tinha adquirido uma casa de campo que vendeu em Março passado.
Não pagou a factura de 2500 euros relativa ao transporte dos cavalos de França para Portugal e essa foi a pista que levou os investigadores até Évora, tendo a sua detenção resultado a colaboração entre as equipas de polícias dos três países (Bélgica, França e Portugal).
No cadastro Jacques Monsieur ostenta sucessivas condenações. Em Outubro de 2018, foi condenado pelo Tribunal de Apelação de Bruxelas (equivalente a um Tribunal da Relação) a quatro anos de prisão e ao pagamento de um milhão e 200 mil euros por tráfico de armas para a Líbia, Chade, Paquistão e Irão e por organização criminosa, mas acabou por não cumprir a sentença porque se encontrar em parte incerta.
O belga já tinha sido acusado em 2017 de ter traficado, entre 2006 e 2009, centenas de armas automáticas, munições, tanques, helicópteros, aviões e outros materiais militares para países em guerra. Nessa altura, foi condenado a três anos de prisão e ao pagamento de 300 mil euros.
Mas Jacques Monsieur já tinha sido condenado antes, em 2010, nos Estados Unidos, aqui a 23 meses de prisão, por tentar vender peças de aviões de combate ao Iraque. Segundo a VTM, não houve um conflito armado nos últimos 35 anos em que não tenha estado de alguma forma implicado. Já nos anos 80 do século passado forneceu ao Irão armas durante o conflito com o Iraque.
com Lusa