Salvini continua a não deixar atracar em Itália navio Open Arms com imigrantes
Ministro do Interior italiano opõe-se ao desembarque, mesmo que haja já seis países disponíveis para receber os 134 migrantes resgatados no Mediterrâneo.
A Comissão Europeia congratulou-se com a disposição de seis países, incluindo Portugal, para receber 134 pessoas resgatadas pela embarcação espanhola Open Arms ao largo da Líbia, mas sublinha que a prioridade é encontrar um porto onde possa atracar, 16 dias após o salvamento.
A embarcação está a poucas milhas de Lampedusa mas o ministro do Interior de Itália, Matteo Salvini, recusa-se a permitir que atraque. “É óbvio que não podemos distribuir os migrantes sem que haja um desembarque”, disse uma porta-voz da comissão europeia citada pelo diário espanhol El País.
Apesar de Espanha, França, Alemanha, Luxemburgo, Roménia e Portugal se terem disponibilizado para receber migrantes a bordo do navio espanhol Open Arms, que está em situação cada vez mais precária o que obrigou já a retirar algumas pessoas que entretanto adoeceram, Salvini mantém-se irredutível.
O ministro está a agir contra o chefe do Executivo, Giuseppe Conte, próximo do partido anti-sistema Movimento 5 Estrelas: Conte defendeu que a embarcação possa atracar. Isto acontece quando a Liga, o partido de extrema-direita de Salvini, rompeu a coligação com o 5 Estrelas, apostando em precipitar eleições antecipadas que poderiam dar à extrema-direita uma maioria confortável.
O diário diz que Bruxelas tem tentado manobrar nos bastidores evitando criticar directamente Salvini pela sua recusa em receber a embarcação. Um tribunal de Roma autorizou a sua entrada em águas italianas, mas Salvini continuou a recusar o desembarque.
Com as ofertas de vários países, o executivo comunitário pensa que ou Itália acabará por levantar o veto ou que o navio poderá ser recebido por outro país, como Malta, que não está longe.
Cinco pessoas que sofreram traumas graves foram retiradas da embarcação na quinta-feira durante o dia, disse a Open Arms, a organização não-governamental (ONG) encarregada da embarcação, acompanhadas por quatro familiares. Três outros a precisar de cuidados médicos urgentes e um acompanhante foram retirados já durante a noite.
“Estavam a automultilar-se e a entrar em conflito com outras pessoas no grupo”, disse o psicólogo Alessandro di Benedetto, de uma ONG italiana, que observou as cinco pessoas que foram retiradas na quinta-feira. “Algumas [das pessoas observadas] estão a ter pensamentos suicidas, acham que é melhor morrer aqui do que voltar para lá”, para o barco, concluiu, em declarações à emissora pública italiana RAI.