Boris Johnson diz que “colaboracionistas” da UE tentam bloquear “Brexit”

Usando uma palavra com forte significado histórico, o primeiro-ministro britânico ataca críticos da sua estratégia para a saída do Reino Unido da UE, como o ex-ministro das Finanças, Philip Hammond.

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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, classificou os deputados que esperam ainda bloquear o “Brexit” como “colaboracionistas”, envolvidos num “terrível” conluio com a União Europeia para minar a posição de Londres nas negociações e assim tornar menos provável um acordo para a saída do Reino Unido do bloco europeu.

Johnson fez estas afirmações horas depois de o ex-ministro das Finanças Philip Hammond ter afirmado que o Parlamento bloqueará uma saída sem acordo se membros não eleitos do gabinete do primeiro-ministro tentarem forçar a saída da UE a 31 de Outubro. Hammond, responsável pelas Finanças de Theresa May, disse que o Governo de Johnson estava a encaminhar o país no sentido “inevitável” de um “Brexit” sem acordo, ao exigir que o mecanismo de backstop na Irlanda seja abandonado – algo que a UE recusa fazer.

“As pessoas por trás disto sabem que desta forma não haverá acordo”, disse Hammond à BBC. “O Parlamento opõe-se claramente a uma saída sem acordo, e o primeiro-ministro deve respeitar isto”, afirmou. “Não há um mandato popular para uma saída sem acordo, nem um mandato parlamentar”, escreveu ainda num artigo no Times.

Boris Johnson respondeu, na estreia do momento de perguntas ao primeiro-ministro no Facebook, com questões pré-seleccionadas, que quer transformar em evento regular. “Há uma colaboração terrível entre os que pensam que podem bloquear o ‘Brexit’ no Parlamento e os nossos amigos europeus”, afirmou o primeiro-ministro. O termo “colaboracionista” tem uma carga histórica pesada para os britânicos – era a palavra usada para as pessoas que cooperavam com a Alemanha nazi na II Guerra Mundial.

Os deputados britânicos voltam ao trabalho a 3 de Setembro, para uma batalha sobre o “Brexit”. Johnson aposta a sua liderança na saída do Reino Unido a 31 de Outubro, deixando pouco ou nenhum espaço de manobra para outra alternativa. Mas a intervenção de Hammond mostra a determinação de um grupo de deputados influentes em contrariar a acção de Johnson, e do grupo de eurocépticos militantes de que se rodeia, se este se lançar numa saída da UE sem acordo, como tudo indica ser sua intenção.

O speaker John Bercow, o árbitro de disputas sobre os procedimentos parlamentares, disse que se oporia a quaisquer tentativas de encerrar do órgão legislativo ou ultrapassar os poderes – onde existe uma maioria, embora de geometria variável, contra a saída da UE sem um acordo para regular as relações do Reino Unido com bloco europeu daí em diante.