Mais de 150 crianças morreram no primeiro semestre de 2019 no Mali

Número de mortes em seis meses já é mais do dobro do que o total do ano anterior, diz a Unicef.

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Habitantes de uma localidade fulani em fuga após um ataque que deixou 160 mortos, em Março Reuters

O aumento da violência no Mali tem tido como alvo cada vez mais as crianças, com um aumento de mortes, mutilações, e utilização de menores em grupos armados, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Nos primeiros seis meses de 2019 morreram já 150 crianças no país, mais do dobro do que o total de todo o ano anterior.

Também o recrutamento e a utilização de crianças em grupos armados duplicaram em comparação com o mesmo período de 2018, e mais de 900 escolas continuam fechadas devido à insegurança.

“À medida que a violência se continua a alastrar no Mali, as crianças correm cada vez mais riscos de morte, mutilação e recrutamento para grupos armados”, disse a directora-executiva da Unicef, Henrietta Fore. “Não devemos aceitar o sofrimento das crianças como o novo normal.”

Na região de Mopti, o aumento da violência intercomunitária e a presença de grupos armados resultaram em repetidos ataques que levaram à morte e mutilação de crianças, à sua deslocação e separação das suas famílias, violência sexual e trauma psicológico. Estima-se que no Mali mais de 377 mil crianças necessitem de protecção.

Em Junho um ataque na localidade de Sobane Da, em Mopti, onde a estação de televisão australiana SBS descrevia que entre as quase 100 vítimas da etnia dogon havia 24 crianças, a maioria mortas com um tiro nas costas.

Os ataques envolvendo as etnias fulani e dogon têm tido um padrão de retribuição, e tem ainda havido ataques islamistas.

Há actualmente 14,700 tropas e polícias deslocados no Mali, que é considerado o local mais perigoso entre as missões da ONU. Desde o início da missão em 2013, morreram 125 capacetes azuis e 358 feridos com gravidade (um militar português, no país a participar numa missão da União Europeia, morreu num ataque islamista a um hotel na capital em 2015). A missão da ONU teve mandato renovado e aumentado para incluir a protecção de civis no centro do país.

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