Kapten critica exclusão dos TVDE da lista dos prioritários
Enquanto transportes públicos, os táxis foram incluídos na lista de veículos prioritários ao abastecimento durante a crise dos combustíveis, ao contrário dos veículos ao serviço das plataformas TVDE. Kapten diz que isso é “discriminar” pessoas que fazem o mesmo trabalho e escreveu uma carta ao Governo.
A Kapten (ex-Chauffeur Privé) escreveu uma carta ao Governo em que diz que estão a ser postos em causa “princípios de igualdade e justiça” no sector, depois de os táxis terem sido incluídos no grupo de transportes com acesso privilegiado aos postos de abastecimento de combustíveis e de as plataformas com serviço semelhante terem ficado de fora.
“Falamos de sectores de trabalho idênticos, cujos colaboradores não usufruem dos mesmos direitos. Estamos a colocar em causa princípios de igualdade e justiça no sector. A nossa indignação não é representativa da marca, mas sim de todos os trabalhadores que não estão a ser incluídos [na REPA]”, lê-se na missiva que a Kapten Portugal dirigiu, esta segunda-feira, ao Governo.
Durante a crise dos combustíveis, os táxis, enquanto transporte público, podem abastecer nos 55 postos da REPA — Rede Estratégica de Postos de Abastecimento, exclusivamente dedicados aos veículos prioritários ou equiparados a prioritários. Ora, as plataformas TVDE (considerados transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados) como a Uber, Cabify, Bolt e Kapten, não foram contempladas nesta lista por não serem consideradas transporte público.
Ao PÚBLICO, o director-geral da Kapten Portugal, Sérgio Pereira, diz que não deveria existir “uma discriminação de agentes económicos que dependem da mesma forma deste bem [combustível]”. “Estamos a falar de motoristas que o seu rendimento depende de poder fornecer serviços aos seus clientes, que depende da gasolina”, nota.
Segundo diz o responsável, a Kapten opera na Grande Lisboa e no Grande Porto e tem cerca de 5000 motoristas. Apesar de terem já um número significativo de carros eléctricos, a grande maioria ainda é movida a gasolina e gasóleo. Para já, refere, a empresa não está ainda a sentir grandes dificuldades, mas teme que com prolongamento da greve isso possa “afectar o rendimento de milhares de motoristas”.
A empresa refere ainda que, a manter-se esta situação, está “consciente de que é fundamental respeitar em primeira instância os serviços e sectores de primeira necessidade, sejam bombeiros, ambulâncias, polícias ou quaisquer outros serviços urgentes”, mas reitera que as plataformas de TVDE são, “sem dúvida, a alternativa para que muitas pessoas se consigam deslocar com facilidade perante este caos”.
Questionadas pelo PÚBLICO, nenhuma das outras empresas quis comentar este assunto. A Bolt (ex-Taxify) apenas refere que “os gestores de frota estão conscientes do potencial impacto que a nova greve pode causar no funcionamento do serviço”. E que, por isso, a empresa está a criar “um plano de comunicação para ajudar a prevenir os efeitos da greve, com toda a informação necessária sobre os postos onde será possível abastecer e soluções para optimizar o consumo de combustível”, notando ainda que alguns gestores de frota e motoristas já se prepararam com reservas de combustíveis. A Cabify diz-se “preocupada" com as consequências que a greve poderá trazer aos seus utilizadores e clientes e à operação da Cabify, mas acredita que negociações entre as partes “levarão a um entendimento ou, pelo menos, à definição de serviços que tenham o menor impacto possível no dia-a-dia dos cidadãos e, claro, no trabalho dos motoristas da Cabify”. “Quisemos antecipar qualquer constrangimento e já tínhamos indicado aos motoristas que colaboram com a nossa plataforma para serem preventivos e actuarem no sentido de evitarem ao máximo eventuais situações anómalas”, diz a empresa em comunicado.
Notícia actualizada às 15h20, do dia 13 de Agosto: Acrescenta declaração da Cabify