Greves, sim, desde que não chateiem o país inteiro
Os motoristas que se precatem. Greves, sim senhor, são muito bonitas – mas não quando o PS está à beira de uma maioria absoluta e o país inteiro fica subitamente impedido de andar de popó.
Este é um momento comovente. Gastei tanto latim ao longo dos anos a propósito de greves, dos seus abusos e da necessidade de haver mais equilíbrio entre a reivindicação dos direitos dos trabalhadores e o impacto que as paralisações têm nos pobres utentes que precisam de ir para o emprego ou fazer uma cirurgia pela qual aguardam há anos. Falei tanto da necessidade de repensar a abrangência da greve no funcionalismo público, dado o desequilíbrio evidente de forças entre quem reclama e quem sofre na pele os seus efeitos, na medida em que o Estado nunca vai à falência e o funcionário público nunca corre o risco de perder o emprego. Falei tantas, tantas vezes disto, sem grande apoio da direita e com muita ira da esquerda – e agora, finalmente, eis a maior parte dos portugueses do meu lado. Um depósito vazio faz milagres.
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