Huawei apresentou o Harmony OS, um plano B para os telemóveis da marca

Novo sistema destina-se a televisões, colunas inteligentes e outros aparelhos conectados. Só chegará aos telemóveis se a empresa for impedida de trabalhar com Android.

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O Harmony OS foi apresentado na China Reuters/CHINA STRINGER NETWORK

Sem aviso, a Huawei revelou nesta sexta-feira o Harmony OS, um novo sistema operativo que será usado em alguns dispositivos conectados da marca, mas que só chegará aos telemóveis caso a empresa se veja impedida de trabalhar com o sistema Android. 

A fabricante chinesa, que é actualmente a segunda maior marca de telemóveis atrás da Samsung, está a ser alvo de sanções dos EUA, justificadas com preocupações de segurança. As sanções entrarão em vigor no dia 19 deste mês e impedirão a multinacional de ter negócios com empresas americanas. Isto implica que poderá ficar sem acesso ao sistema Android, que é desenvolvido pelo Google e se tornou o sistema padrão para a maioria dos consumidores. Também não terá acesso à loja de aplicações Play Store e a aplicações como o Facebook, o WhatsApp e o Instagram.

A apresentação do Harmony OS foi feita numa conferência técnica, na China. Mas o sistema foi apresentado como um plano B face ao Android, que a marca disse preferir continuar a ter nos seus aparelhos.

Por ora, o Harmony OS será usado em aparelhos como televisões, colunas inteligentes, equipamentos para automóveis e a restante panóplia de dispositivos conectados que as marcas estão a fazer chegar aos consumidores. O Google está também a trabalhar num sistema para este género de aparelhos, chamado Fuchsia, que está ainda em fase de desenvolvimento e cuja chegada ao mercado não é certa.

A Huawei já tinha adiantado que estava a trabalhar numa alternativa ao Android e a notícia de um sistema chamado Hongmeng já tinha circulado pela imprensa. Recentemente, a empresa tinha registado o nome Harmony para uso na União Europeia. 

Na apresentação, a Huawei disse que pretende continuar a usar o Android nos seus telemóveis – mas garantiu que poderia fazer a mudança para o Harmony a qualquer altura, se necessário. A fabricante chinesa aproveitou ainda para atirar algumas farpas ao sistema do Google, que surgiu num slide descrito como sendo “instável”, “fragmentado” e difícil de adaptar a diferentes dispositivos. 

Mudar para um novo sistema nos telemóveis seria um desafio comercial para a Huawei, especialmente nos mercados ocidentais. A Apple foi a única a conseguir manter viável um sistema operativo alternativo ao Android, com todas as restantes marcas de relevo a adoptarem a plataforma do Google. Tentativas anteriores de impulsionar um terceiro sistema operativo – como fez a Microsoft, com o Windows Phone – acabaram por ser praticamente ignoradas pelos consumidores.

A tentativa de manter um caminho aberto que não dependa de empresas americanas surge quando os EUA têm feito esforços para restringir as actividades da multinacional chinesa. Às sanções comerciais junta-se a pressão feita pela Administração de Donald Trump para dissuadir outros países, incluindo os europeus, de terem equipamentos da Huawei nas infra-estruturas de 5G, a próxima geração de redes móveis.

Apresentados como sendo motivados por razões de segurança, os esforços dos EUA surgem no contexto de uma guerra comercial com a China e o próprio Presidente americano já afirmou que a questão da Huawei poderia ser incluída num eventual acordo comercial entre os dois países.

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