BE em silêncio sobre estes serviços mínimos

PCP considera que se está a limitar o direito à greve, mas fala em “radicalismo” de “alguns”.

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BE defende que “ainda há tempo” para negociações entre as partes PAULO PIMENTA

O Bloco de Esquerda ainda não se pronunciou sobre o alcance dos serviços mínimos decretados pelo Governo, e considerados “robustos” pelo próprio executivo, para responder à greve convocada pelos sindicatos independentes de motoristas de matérias perigosas e de mercadorias. O BE optou, para já, pelo silêncio, sem dizer se concorda ou discorda. Já o PCP considerou que se está a limitar o direito à greve, mas não deixou de criticar os sindicalistas que promovem o protesto.

Questionado pelo PÚBLICO sobre o alcance dos serviços mínimos decretados, o BE preferiu não se pronunciar. A posição transmitida pelo partido foi apenas a de que os bloquistas estão a acompanhar com “preocupação” a situação e que “ainda há tempo” para negociações, apelando à negociação entre as partes.

Já o PCP deixou claro estar solidário com a luta daqueles trabalhadores e considerou que o Governo está a “introduzir limitações à greve, susceptíveis de serem invocadas de uma forma mais ampla”.

Porém, apesar de levantarem a voz nestes aspectos, não deixam de apontar o dedo aos sindicalistas que têm promovido o protesto. Em comunicado, falam em “exercícios de protagonismo”, em “obscuros objectivos políticos”, referem uma argumentação que “procura atingir mais a população que o patronato”. Os comunistas escrevem: “Uma acção cujos promotores se dispõem para que seja instrumentalizada para a limitação do direito à greve.”

Ângelo Alves, do comité central, falou mesmo no “radicalismo” de “alguns”. “O PCP tem uma grande experiência em formas de luta, os seus ritmos... são determinantes para alcançar vitórias. Quando alguns põem em cima da mesa um radicalismo que dá pretextos para pôr em causa o direito à greve estão, de facto, a criar dificuldades ao desenvolvimento da luta consequente, porque a luta não termina na segunda, terça-feira nem passado uma semana”, disse, em declarações registadas pela Lusa.

O comunista sublinhou que “aquilo que o PCP entende é que parece haver alguns que querem pôr para cima da mesa pretextos, quer para criar dificuldades a um processo negocial e a uma luta consequente dos trabalhadores motoristas, quer para pôr em causa o direito à greve”.

No comunicado, o PCP já tinha apelado aos motoristas para que não se deixassem “arrastar para situações que os podem conduzir à derrota num momento em que estão garantidos progressos e podem ser assegurados novos avanços”. Mais, escrevem: “Impõe-se combater os propósitos daqueles que pretendem aproveitar a convocação desta acção para limitar o direito à greve.”

O partido apela também à intervenção do Governo para resolver o problema: “Impõe-se que o Governo intervenha com os meios ao seu dispor para a defesa dos direitos dos motoristas face ao comportamento ilegal do patronato, sendo lamentável que não o tenha feito e que mantenha a Autoridade para as Condições Trabalho inactiva e mesmo cúmplice.”

A CGTP também já reagiu, acusando o Governo de limitar o direito à greve. A UGT coloca-se ao lado do executivo de António Costa.

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