Esquerda unida contra encontro da extrema-direita em Portugal

Bloco de Esquerda, PCP e Livre enviaram comunicados às redacções manifestando repúdio pelo encontro de organizações de extrema-direita em Lisboa.

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No sábado haverá em Lisboa uma reunião da extrema-direita e uma manifestação de repúdio a esse encontro Daniel Rocha

Militantes do Bloco de Esquerda e do Livre vão marcar presença na concentração antifascista prevista para sábado, às 13h, no Rossio, em Lisboa. Trata-se de uma resposta à reunião de organizações de extrema-direita da Europa que decorre no mesmo dia, também em Lisboa. O PCP também se pronunciou, repudiando a realização daquele encontro em Portugal. Questionado, porém, pelo PÚBLICO sobre se vai estar no protesto no Rossio, respondeu apenas por escrito: “É clara a posição de repúdio do PCP sobre a citada ‘conferência’. A melhor forma de a combater é desde logo não a promover, directa ou indirectamente.”

Já no comunicado enviado pelo Bloco de Esquerda, os bloquistas deixam claro que o partido “repudia aquela conferência fascista”, mas apelam “à presença de todos” na concentração antifascista, “em nome da liberdade e da democracia”.

“É público que a conferência juntará em Lisboa organizações de ideologia fascista e neonazi de Espanha, Bulgária, Itália, Franca, Alemanha e Polónia, e é promovida também pelo movimento Nova Ordem Social, liderado por Mário Machado, neonazi já condenado por vários crimes de ódio e discriminação racial, coacção agravada, danos e ofensa à integridade física qualificada, ameaça e coacção e posse ilegal de armas de fogo”, lê-se na nota do BE que defende que a reunião deve “ser impedida pelas autoridades portuguesas, pois visa promover organizações cujos membros se distinguem no apelo à violência racista”.

“Portugal é uma democracia fundada no direito à liberdade e segurança de todas as pessoas. Por isso mesmo, a Constituição da República Portuguesa condena toda e qualquer discriminação, a promoção do ódio e da violência e proíbe organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista”, justificam os bloquistas que subscrevem, por isso, o manifesto lançado por um conjunto de organizações sociais contra aquela reunião.

Na nota enviada pelo gabinete de imprensa do PCP, o partido também garante que “repudia a realização em Portugal de uma denominada conferência nacionalista”.

“A realização de tal evento, no ano em que se comemoram os 45 anos da Revolução de Abril, é uma ofensa aos que durante décadas se bateram pela liberdade e a democracia e em vários casos, nomeadamente militantes comunistas, pagaram com a própria vida”, lembram os comunistas que, “repudiando tal iniciativa”, sublinham “os valores progressistas constantes na Constituição da República de rejeição do racismo e xenofobia e de estruturas que perfilhem a ideologia fascista”.

Também o Livre enviou um comunicado às redacções, garantindo que estará na manifestação antifascista que “está a ser organizada por vários movimentos antifascistas e da sociedade civil”.

“No próximo dia 10 de Agosto realiza-se em Lisboa uma conferência de organizações fascistas e neonazis. Esta conferência que se realizará em local não revelado contará com a presença de várias figuras internacionais com condenações por crimes de ódio e discriminação. O avanço da extrema-direita na Europa e no mundo é um tema que tem preocupado o Livre, que tem alertado para os perigos da normalização do discurso xenófobo, racista, machista e homofóbico”, lê-se na nota, na qual se lamenta que as autoridades não tenham travado “a realização da conferência, não obstante a Constituição e as leis da República Portuguesa proibirem a existência de organizações de cariz fascista”.

O Livre “apela à participação na manifestação antifascista, rejeitando publicamente a normalização nas nossas sociedades do discurso de ódio”.

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