Sonic Blast e Neopop: durante uma semana, Viana do Castelo vive entre festivais
Esta semana começam os festivais Sonic Blast e Neopop. Apesar da diferença de estilos, ambos acontecem ao mesmo tempo e no mesmo distrito. O PÚBLICO falou com os organizadores.
A centralização da cultura é tema recorrente no panorama nacional no que toca à distribuição de eventos. No Verão, Lisboa e Porto acolhem os maiores festivais mas um discreto distrito do Alto Minho, Viana do Castelo, tem vindo a afirmar-se na “competição”. A programação é bastante mais alternativa e geograficamente periférica mas é onde acontecem os icónicos Paredes de Coura e Vilar de Mouros ou os festivais de nicho Sonic Blast e Neopop.
O Sonic Blast, em Moledo, transforma esta freguesia do concelho de Caminha na Meca dos fãs de stoner rock — subgénero do rock entre o hard rock e o heavy metal com influências psicadélicas. “[O Sonic Blast] começou em 2010 com a intenção de trazer bandas do stoner, heavy, psych, doom, krautrock até Portugal”, explica ao PÚBLICO Ricardo Rios, criador e organizador do festival que decorre entre dois palcos, o Palco Piscina, no Centro Cultural de Moledo, e o Palco Principal, no parque das merendas mesmo em frente.
A atenção este Verão vai para bandas como Earthless, Graveyard, Orange Goblin, Stoned Jesus, Eyehategod e OM mas a maior novidade é o festival ter acrescentado mais um dia à sua programação, passando de dois para três dias — de 8 a 10 de Agosto. “Só agora é que conseguimos reunir as condições para que ele crescesse nesse sentido. O nosso festival não tem apoios financeiros exteriores, nem patrocinadores. Tivemos que crescer degrau a degrau. Tivemos que ter muito juízo”, confessa Ricardo numa conversa onde surge à baila o malogrado Reverence Valada, festival com um alinhamento semelhante e que optou desde a sua primeira edição por apostar em cartazes megalómanos (ao fim de quatro edições, três em Valada e uma última em Santarém, com uma nova organização, teve que acabar). A nona edição do Sonic Blast prova que com calma se vai longe.
O mesmo pode ser dito dos seus vizinhos Neopop, no centro da capital do distrito, Viana do Castelo. Gustavo Pereira, criador e organizador do festival que decorre de 7 a 10 de Agosto, diz que “o objectivo é reunir os melhores artistas de música electrónica num evento ao ar livre com um conceito e visão que não seja o do clubbing”.
O Neopop nasceu em 2006 com o nome Anti-pop, e apenas passou a adoptar a designação pela qual agora é conhecido a partir de 2009. Gustavo relembra que o seu percurso, tal como o do Sonic Blast, foi feito com calma e de forma sustentada. “Começamos com apenas um palco, agora temos dois, Neo Stage e Anti Stage, e ainda colaboramos com o teatro Sá de Miranda para espectáculos de música mais experimental e com uma componente audiovisual muito forte”.
Gustavo destaca a presença de Underworld, “sem dúvida o maior destaque”, o regresso de Kink, a estreia de Nicolas Lutz, os Sensible Soccers, que têm andado a apresentar o seu novo álbum, Aurora, e Laurent Garnier, que irá encerrar o Neo Stage às 9 da manhã no último dia do festival. Quando questionado sobre se existe algum tipo de rivalidade entre o seu festival e o Sonic Blast, Gustavo Pereira ri-se desse cenário relembrando que ambos tem públicos bastante diferentes e que por vezes até existem alguns aventureiros que acabam por visitar os dois festivais dada a sua proximidade geográfica, separados por cerca de 20 quilómetros.
Ricardo Rios partilha da mesma opinião valorizando os benefícios que ambos os eventos musicais trazem à região, destacando a dinamização do turismo local: “As pessoas passam aqui a semana, os hotéis estão completamente lotados. É muito saudável para a economia local.”
Os organizadores desejam que os seus respectivos festivais continuem a crescer e a manter o mesmo nível de qualidade, desejando ainda muito sucesso aos seus vizinhos e que continuem a trazer benefícios para Viana do Castelo. “Viana tem promovido boas iniciativas e bons espectáculos nos vários campos das artes”, remata Gustavo Pereira.