Técnicos de diagnóstico queixam-se de serem excluídos da contratação de profissionais de saúde

Com a contratação de mais de mil profissionais de saúde, os Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica continuam a contestar a falta de recursos humanos no seu sector.

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Rui Gaudêncio

Os Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT) queixam-se de estarem excluídos da lista de contratação de 1.424 profissionais de saúde para a generalidade dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O Sindicato dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas de Diagnóstico e Terapêutica (STSS) refere em comunicado que a lista de contratações anunciada esta segunda-feira pelo Governo para dar reposta a capacidade que tinha sido afectada com a passagem para as 35 horas de trabalho semanal, “abrange apenas a contratação de enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos para os hospitais e unidades locais de saúde”.

“Os TSDT não estão contemplados no despacho do Ministério da Saúde que anunciou a contratação de 1.424 profissionais de saúde e o SNS não está livre de entrar em ruptura”, afirma o comunicado assinado pelo presidente do sindicato, Luis Dupont.

“Esta exclusão, por parte do Governo, faz-nos questionar a veracidade das afirmações do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, pois, devido à não-contratação de profissionais de Diagnóstico e Terapêutica, manter-se-ão lacunas no Serviço Nacional de Saúde, as quais poderão conduzir à sua ruptura”, acrescenta.

O sindicato sublinha que “a verdade é que continuam a faltar centenas de técnicos Superiores de Diagnóstico no SNS, o que coloca em causa a prestação de cuidados de saúde e uma resposta adequada e de qualidade no que aos meios de diagnóstico e terapêutica nos serviços públicos diz respeito”.

“Em consequência recorre-se cada vez mais a prestadores privados com custos muito mais elevados para o estado e para os contribuintes.”, afirma Luís Dupont,

Para o presidente do sindicato “é inaceitável que não seja contemplada a contratação de TSDT” no despacho do Ministério da Saúde, pois “muitos serviços não irão ver colmatadas as necessidades já identificadas quanto à falta de trabalhadores, sendo que só relativamente à passagem das 40 para as 35 horas não estão sequer supridas 50% dessas necessidades”.

Luis Dupont diz que ao sindicato continuam a chegar várias queixas de diversos coordenadores dos serviços dos meios de Diagnóstico e Terapêutica “relativamente à falta de profissionais, às condições degradantes de trabalho - com tendência a piorar -- e, por conseguinte, a perda de qualidade do trabalho prestado à população”.

“Muitos profissionais encontram-se de baixa médica derivada ao excesso de trabalho e muitos outros no limiar do “burnout”.”, denuncia Luís Dupont.

Com a autorização para a contratação de 1.424 profissionais para a generalidade dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “fica definitivamente reposta a capacidade que tinha sido afectada com a passagem para as 35 horas”, disse à agência Lusa o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos.

O despacho conjunto do Ministério da Saúde e do Ministério das Finanças, assinado na quinta-feira, permite que os hospitais possam, a partir desta segunda-feira, dar início aos procedimentos necessários à celebração de contrato sem termo com 552 enfermeiros, 710 assistentes operacionais e 162 assistentes técnicos.

Esta é “a segunda autorização em bloco” do Governo para a contratação de profissionais para os hospitais, depois de em Fevereiro ter sido autorizada a contratação de 450 enfermeiros e cerca de 400 assistentes operacionais.