As FARC e a Colômbia: depois da luta, chegou o tempo de plantar a utopia
Três anos depois da assinatura do acordo de paz que pôs fim ao conflito entre as FARC e o Estado colombiano, os ex-guerrilheiros aprendem a viver em paz com as comunidades afectadas. Entretanto, aproxima-se o fim do período de transição para as zonas de reincorporação, onde permanecem milhares de antigos combatentes que querem saber como será o seu futuro.
Aquilo que Esteban Páez gostaria de ter trazido consigo era o jaguar que certo dia encontrou na selva. Era ainda uma cria e corria perigo de vida. Esteban cuidou dele, deu-lhe leite, carne e atum, e salvou-o. Um dia, encontrou-o morto. “Foi envenenado”, diz sem hesitar. Desconfia de uma vizinha que não gostava de viver perto de um predador, mesmo que domesticado. Nessa altura, Esteban ainda não tinha ingressado nas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), era apenas miliciano. Disseram-lhe que gostar de armas não era suficiente para entrar no movimento a tempo inteiro. “Tinha de estar consciente de que havia um povo com muitas necessidades e de que nós queríamos mudanças para eles e uma vida melhor. Só quando tivesse noção disso é que podia ingressar”, recorda. Entrou uns cinco anos depois e sabe a data de cor: 28 de Abril de 1999.
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