“Se sou terrorista não posso estar em liberdade”, reage Bruno de Carvalho

Ex-presidente do Sporting vai ser julgado por um total de 195 crimes, 97 de terrorismo. No Facebook, Bruno de Carvalho comentou a decisão judicial, acusando o juiz de ter cedido à opinião pública.

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Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

“Conseguiram! A minha vida está irremediavelmente destruída”. Num longo texto publicado esta sexta-feira no Facebook, Bruno de Carvalho reagiu à decisão do juiz de instrução criminal Carlos Delca de levar a julgamento todos os 44 arguidos acusados pelo Ministério Público no caso do ataque à Academia de Alcochete, incluindo o antigo dirigente leonino, e de imputar a todos o crime de terrorismo.

O ex-presidente do Sporting critica os 97 crimes de terrorismo de que é acusado, ironizando acerca do contraste entre a redução da medida de coacção a que está sujeito (apresentações quinzenais) e a gravidade da acusação de que é objecto

“Se sou terrorista, pior ainda, se sou o mandante de um acto de terrorismo, sendo assim o ‘terrorista chefe’, não posso estar em liberdade! Mais, não posso estar em liberdade e passar de apresentações diárias para apresentações quinzenais! Com um terrorista não se pode facilitar, não se pode contemplar, não se pode dar ‘regalias’”, escreve.

Admitindo a possibilidade de ser declarado culpado de todas as acusações, Bruno de Carvalho critica a actuação da Justiça, afirmando que lhe foram “novamente negados princípios constitucionais fundamentais” e que a acusação avançou sem provas para o julgamento.

O Ministério Público acusa Bruno de Carvalho de ter sido o autor moral do ataque à academia do clube em Alcochete, em Maio de 2018. Em causa está a acção de um grupo de adeptos do Sporting, afectos à claque Juventude Leonina, que entrou encapuzado no centro de treinos dos “leões” e agrediu vários jogadores e membros da equipa técnica. Com o antigo presidente sentar-se-ão os outros 43 homens suspeitos de terem estado, de alguma forma, envolvidos nas agressões. 

Os crimes imputados a Bruno de Carvalho são os mesmos que foram assacados ao líder da claque da Juventude Leonina, Nuno Mendes, conhecido como “Mustafá”, e a Bruno Jacinto, que à data dos factos tinha as funções de oficial de ligação do Sporting aos adeptos. “Mustafá” está também acusado de um crime de tráfico de droga, permanecendo em prisão preventiva por esse motivo.

Bruno de Carvalho deixou de estar obrigado a apresentar-se diariamente às autoridades, com a medida de coação a ser substituída por apresentações quinzenais. O juiz Carlos Delca manteve-lhe, porém, a caução de 70 mil euros que lhe tinha sido decretada.

O antigo dirigente pode ainda vir a ser implicado num outro processo judicial. Trata-se do Cashball, caso que envolve suspeitas de actos de corrupção activa protagonizados por elementos do Sporting. Paulo Silva, o empresário que trouxe a público a suspeita da existência de uma rede de corrupção que beneficiaria a equipa de andebol do Sporting, afirmou recentemente, em novas declarações no âmbito daquele processo que Bruno de Carvalho seria o mentor do alegado esquema. ​ 

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