Encontrado o corpo de luso-descendente desaparecido em Nantes

Steve Maia Caniço, de 24 anos, estava desaparecido há mais de um mês, depois de uma intervenção da polícia no Festival de Música de Nantes. Corpo foi encontrado na margem do rio Loire.

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Edouard Philippe garantiu que a investigação à morte do luso-descendente terá "total transparência" VALDA KALNINA/LUSA

O corpo de Steve Maia Caniço, luso-descendente de 24 anos desaparecido há mais de um mês em França, foi encontrado esta segunda-feira numa das margens do rio Loire em Nantes, no noroeste de França. Nada se sabia do seu paradeiro depois de uma intervenção da polícia no Festival de Música de Nantes. A morte está a ser vista como consequência de violência policial, mas o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, garantiu que não está relacionada com a actuação das autoridades.

A 22 de Junho a polícia de intervenção avançou contra jovens que participavam no evento, lançando gás lacrimogéneo, desferindo bastonadas, disparando bolas de borracha (LBD-40) e incitando cães-polícia a atacar. Os participantes no festival fugiram em pânico. Pelo menos 15 caíram às águas do rio Loire e Maia Caniço foi um deles – e não sabia nadar.

O relatório da Inspecção-Geral da Polícia Nacional (IGPN) concluiu, segundo Philippe, que a intervenção se justificou, tendo, no entanto, criticado o método usado. O documento também descartou qualquer ligação entre a morte do luso-descendente e a actuação da polícia.

O facto de Édouard Philippe ter falado antes do ministro do Interior, Christophe Castaner, que se remeteu ao silêncio, mereceu críticas. O primeiro-ministro viu-se esta quarta-feira obrigado a reafirmar a sua confiança em Castaner – o ministro tem sido criticado pela violência da polícia contra o movimento dos coletes amarelos, com mais de 20 manifestantes a perderem visão de um dos olhos por tiros de LBD-40.

“Não vamos deixar isto passar. É toda uma cadeia de responsabilidades que deve ser questionada”, disse a família ao Le Monde, reagindo à garantia do Governo de que a investigação à morte do jovem terá “total transparência”.

As conclusões do relatório foram contestadas pela advogada Marianne Rostan, especialista na defesa de festas rave, para quem intervenção “gerou o pânico que levou os jovens a correr sem saber para onde iam, caindo ao Loire”. A advogada interpôs uma queixa colectiva em nome de 85 participantes na festa à IGPN, acusando as autoridades de “violência voluntária” e de terem posto “em risco a vida de outras pessoas”. Se for aceite pode ter como consequência uma acusação de falta de assistência a pessoa em perigo por os meios usados para socorrer as pessoas não terem sido suficientes.

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