Nova sondagem dá mais de 41% ao PSOE e Cidadãos cai para quarto
Barómetro do CIS coloca o PP em segundo, a grande distância dos socialistas. Animado pelo resultados, Pedro Sánchez volta a recusar proposta de coligação de Pablo Iglesias.
O impasse na formação do Governo espanhol mantém-se e o cenário de eleições antecipadas continua a pairar sobre a política espanhola, mais ainda quando tem a possibilidade de conseguir maioria absoluta a 15 de Novembro, se não houver acordo. O Barómetro do Centro de Investigações Sociológicas (CIS), publicado esta terça-feira no jornal El País, dá ao Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) 41,3% das intenções de voto. Em segundo lugar surge o Partido Popular (PP) a enorme distância, com 13,7%, seguido do Unidas Podemos (que parece ter travado a tendência decrescente subindo 0,4%), com 13,1%.
O Cidadãos é quem mais perde neste barómetro mensal, caindo para o quarto lugar e perdendo 3,5% das intenções de voto, que se situam este mês em 12,3%. Quem também cai é o Vox, que passou de 5,1% em Junho para 4,6% agora.
Embora o trabalho de campo tenha sido feito no princípio de Julho e não reflicta ainda a opinião dos eleitores depois das duas votações perdidas pelos socialistas no debate de investidura da semana passada, os números esclarecedores parecem dar razão a Pedro Sánchez, quando responsabiliza os partidos à sua esquerda e direita por Espanha ainda não ter Governo.
Ao mesmo tempo reflecte a ideia de que a maioria dos eleitores socialistas não quer a coligação com o Unidas Podemos. No anterior barómetro, os socialistas surgiam com 39,5% das intenções de voto. Sánchez tem-se mostrado avesso à entrada de políticos da plataforma de esquerda no Governo e esgrimido argumentos para responsabilizar o seu líder, Pablo Iglesias, pelo falhanço na formação de um governo “progressista, europeísta, ecologista e feminista”.
Falhada a segunda votação de investidura, Sánchez mostrou disponibilidade para reabrir as negociações, “para se voltar ao ponto de partida”. “Há motivos para tentar fazer acordos com o PP, Cidadãos e Podemos”, garantiu o líder socialista em entrevista televisiva na semana passada.
A liderança do Unidas Podemos reafirmou a sua intenção de entrar no Governo e, pela voz de Pablo Echenique, responsável máximo do partido nas negociações com o PSOE, apelou aos socialistas para que “não voltem a deixar as negociações para o último momento”.
Porém, nem todos dão sinais de apoiar a estratégia de Iglesias nas negociações com os socialistas. A Esquerda Unida e os Anticapitalistas estão descontentes com o rumo seguido e defendem o apoio parlamentar ao Governo de Sánchez. Inspiram-se no modelo português da geringonça, que vêem como menos arriscado em termos eleitorais.
“O grupo Unidas Podemos deve exigir um acordo à volta das bases programáticas”, afirmou a Esquerda Unida em comunicado. “É precisamente nos momentos de maior convulsão que devemos manter como único guia a defesa dos interesses das famílias trabalhadores”, continuou a organização, no que pode ser entendido como uma crítica implícita por Iglesias ser visto como demasiado concentrado em cargos e menos no programa.
Por sua vez, os socialistas voltaram a frisar que querem evitar a todo o custo novas eleições, mas não estão dispostos a aceitar uma coligação com o partido de Iglesias. Ao invés, propõem a chamada “via portuguesa”, a antiga forma de “governo de cooperação”. Têm até Setembro para se entenderem e caso não consigam, Espanha terá de ir a eleições a 15 de Novembro. E as sondagens e o impasse negocial apontam nesse sentido, prejudicando ainda mais a imagem de Espanha.
Desde finais de Abril, quando as últimas legislativas se realizaram, que Espanha não tem Governo e as declarações, jogadas e negociações se têm arrastado, aprofundando a instabilidade política. Esta situação fez com que o país descesse em termos de imagem do 25.º lugar para o 27.º, num total de 147 países, no Índice de Boa Governação, elaborado pelo projecto Mesias, apoiado pela Espanha Global.