A música electrónica de dança está de regresso ao Parque da Pasteleira, no Porto, para o festival Elétrico. Este fim-de-semana, de 26 a 28 de Julho, 22 artistas proporcionam 40 horas de música em “muitas áreas dentro da electrónica”, num alinhamento “ecléctico” a diferenciar-se do que se vê no resto dos festivais europeus do género, garante a organização.
Privilegiando “o contacto com a natureza, as horas de sol, a energia e a espiritualidade”, o Elétrico quer proporcionar aos espectadores uma experiência “vanguardista de música, dança e partilha”, enquanto quebra com preconceitos sobre a música electrónica de dança. “Quando se fala deste género, as pessoas associam alguns estigmas como festas de techno mais pesado. Tentamos desmistificar isso”, explica Ruben Domingues, um dos organizadores. Uma das características diferenciadoras é o facto de “grande parte do festival ser durante o dia”, com “a música a estar de acordo com os vários momentos”.
Esta sexta-feira, as portas abrem às 14 horas. No sábado e no domingo, o festival arranca às 11 horas. O destaque do primeiro dia vai para a actuação ao vivo dos Inner City, um dos grupos de Detroit responsáveis pelo aparecimento da música electrónica de dança nos anos 80, que regressaram à estrada para celebrar os 30 anos de carreira com a Good Life Tour.
O sábado, 27, é encabeçado pelos sets do nova-iorquino Kerri Chandler e do trio de house francês Apollonia. Ruben Domingues realça também a estreia nacional do “hipnotismo minimal” de Petre Inspirescu, “uma aposta pessoal”, e a actuação ao vivo da alemã Maayan Nidam.
O último dia do festival traz, também da escola de Detroit, Theo Parrish e Moodymann, “dois gigantes” da música electrónica, e ainda o experimentalista londrino Matthew Herbert. O festival repete a receita de 2018 e fecha com o “guru” da música de dança em Portugal, Rui Vargas.
Ruben Rodrigues e Vítor Magalhães, outro dos organizadores, esperam que o público duplique face às cerca de três mil pessoas do “ano zero”, um crescimento “sustentado” do festival e apoiado na maior afluência de público da cidade do Porto, afirma Ruben Rodrigues: “Em 2018, tivemos muito público de Lisboa e diria que 35% a 40% do público era estrangeiro, mas o Porto não se destacava. Este ano, é a cidade com mais vendas”. Um dado que deixa os dois organizadores portuenses muito satisfeitos, até por ser um festival que dá visibilidade a um parque “muito bonito” que “as pessoas da cidade não conhecem”.
Mais do que apenas um festival de música
Apesar de ser a segunda edição, os organizadores preferem assumir esta como “a primeira”, considerando 2018 “o ano zero” do Elétrico. “Em 2018, tivemos menos de quatro meses para organizar o festival”, conta Vítor Magalhães. Por essa razão, os objectivos traçados foram “solidificar o projecto” e “dar maturidade” a um evento que “já é uma aposta vencida”.
Além do Elétrico Music, o recinto do festival conta com actividades em quatro outras vertentes. A iniciativa Press Start aproveita o verde do parque como pano de fundo para “pôr à conversa ideias e empreendedores jovens” sobre o tema da sustentabilidade ambiental. A actividade já existiu em 2018 e este ano conta com algumas entidades, como a Quercus e o Discovery Channel, para motivar o diálogo sobre “a inovação nas áreas do ambiente, energia e economia circular”. As sessões são abertas a intervenções do público.
Os dias do Elétrico começam no espaço Energy, “o epicentro da energia do festival” com as actividades de mindfulness, ioga, meditação, concertos meditativos e danças rituais, uma oportunidade “ímpar” no panorama dos festivais de música nacionais. Já o Elétrico Art, “vocacionado para a criação, partilha e divulgação da arte”, vai apresentar instalações artísticas distribuídas pelo parque, além de uma área com painéis criados ao vivo. Ainda nesta vertente, há a Elétrico Art Affair, uma feira de arte para promover artistas da cidade, e a Galeria de Mupis uma mostra de peças fotográficas.
Os artistas vão estar envolvidos em oficinas artísticas dedicadas ao público mais jovem no Elétrico Kids, um espaço que explora todas as valências do Elétrico – desde a música à meditação – com actividades para os mais pequenos. Sendo um festival “para toda a família”, o espaço surge para que o público-alvo, “entre os 25 e os 50 anos”, possa levar os filhos.
Numa combinação de várias vertentes do festival, há ainda a construção de uma escultura a partir de resíduos utilizados ao longo do evento. A Escultura Live estabelece a ligação entre o tema do festival – a sustentabilidade – e os espaços Kids e Art, com o objectivo de “sensibilizar” o público para a redução do consumo de plástico e “educar” os mais novos, convidados a colaborar na construção da estrutura.
Os bilhetes para o festival Elétrico estão à venda por 30 euros, no caso dos ingressos diários, e 60 para o passe geral. A entrada no festival é livre para crianças até aos 12 anos.