Há 30 anos que não se produzia tanta laranja em Portugal
Em campanha marcada por condições climatéricas desfavoráveis, a produção recorde de laranja e de azeite foram excepções no ano agrícola 2017/18.
A produção dos pomares de citrinos aumentou 8% em 2018 para 403 mil toneladas, com a produção de laranja a atingir o nível mais elevado em mais de 30 anos, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo INE. De acordo com as Estatísticas Agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE), os pomares de citrinos tiveram em 2018 uma produção de 403 mil toneladas (374 mil toneladas em 2017), o que representou 6,9% do volume total de produção (5,8% em 2017).
“A entrada em produção de novos pomares contribuiu para este incremento, com a produção de laranja a atingir o nível mais elevado desde 1986”, sinaliza o INE.
Numa campanha marcada pelas condições climatéricas desfavoráveis, a produção recorde de laranja e a produção de azeite superior a um milhão de hectolitros foram excepções no ano agrícola 2017/18.
Em 2018, segundo o INE, foi produzido 1,1 milhões de hectolitros de azeite (abaixo dos 1,5 milhões de hectolitros em 2017), mas de acordo com o instituto, não obstante o decréscimo verificado face à campanha precedente, a ocorrência de duas campanhas consecutivas com produções acima de um milhão de hectolitros “é uma situação pouco comum”. Analisando os cem anos de dados estatísticos, esta ocorrência apenas se tinha verificado nos anos de 1956 e 1957, sinaliza.
A campanha agrícola 2017/2018 foi marcada pelo decréscimo das principais superfícies agrícolas cultivadas com culturas temporárias e por quebras generalizadas das produções, saldou-se por um crescimento nominal da produção do ramo agrícola, consequência de um aumento de 2,1% dos preços base.
Ao longo da campanha agrícola em análise assistiu-se a um aumento da procura interna de diversos produtos agrícolas o que teve reflexos ao nível do grau de auto-aprovisionamento.
Défice alimentar aumenta para 3,7 mil milhões de euros
Em 2018, Portugal manteve-se auto-suficiente nas produções de leite, ovos, azeite, vinho, arroz e tomate para indústria e deficitário nos restantes produtos agrícolas, nomeadamente nas carnes, frutos, cereais excepto arroz, batata, leguminosas secas, sementes e frutos de oleaginosas excepto azeitona e gorduras e óleos vegetais excepto azeite.
Esta conjuntura, indica, teve reflexo no saldo da balança comercial dos produtos agrícolas e agro-alimentares (excepto bebidas) cujo défice aumentou, face a 2017, 80,0 milhões de euros, fixando-se em 3705,8 milhões de euros. Esta evolução desfavorável deveu-se, de acordo com o INE, ao aumento das importações (em 261,9 milhões de euros) superior ao acréscimo das exportações (de 181,8 milhões de euros).
O ano agrícola 2017/2018 caracterizou-se meteorologicamente por um Outono quente e extremamente seco a que sucedeu um Inverno igualmente seco, mas frio. A situação de seca meteorológica, que se verificava desde Abril de 2017, foi ultrapassada por uma primavera muito chuvosa (a terceira mais chuvosa desde 1931) e fria.
O verão foi classificado como normal em termos de temperatura e precipitação, embora Junho tenha sido o segundo mais chuvoso desde 2000 e Agosto o mais quente dos últimos 88 anos.