Morreu Rutger Hauer, o cyborg de Blade Runner

Actor holandês tornou-se célebre pelo seu papel no filme de Ridley Scott.

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Rutger Hauer fotografado em 2013 numa passagem por Portugal NUNO FERREIRA SANTOS

O actor holandês Rutger Hauer, popularizado pelo seu papel de cyborg num dos filmes mais icónicos do início dos anos 80, Blade Runner (1982), de Ridley Scott, morreu na sexta-feira aos 75 anos, após uma breve doença.

Logo que a notícia foi divulgada esta quarta-feira  Rutger Hauer ​morreu “pacificamente” em sua casa, nos Países Baixos, diz o site oficial do actor , o realizador Guillermo del Toro foi dos primeiros a prestar-lhe homenagem, considerando-o um intérprete "intenso, profundo, genuíno e magnético, que levou verdade, força e beleza aos filmes em que participou”.

Com a sua figura de gigante loiro, Rutger Hauer, actor recorrente do cineasta Paul Verhoeven, com quem se estreou em 1969 na série televisiva Floris, e que o dirigiu depois em filmes como Delícias Turcas (1973), Soldier of Orange (1979) ou Amor e Sangue (1983), foi ainda uma presença marcante em filmes como Fim-de-Semana com Osterman (1983), de Sam Peckinpah, A Mulher Falcão (1985), de Richard Donner, Terror na Auto-Estrada (1986), de Robert Harmon​, A Lenda do Santo Bebedor (1988), de Ermanno Olmi, ou Fúria Cega (1989), de Philip Noyce.

Mas se as suas interpretações nestes e noutros filmes não serão menos conseguidas do que o seu papel no filme de Ridley Scott – é, por exemplo, um psicopata brilhante em Terror na Auto-Estrada, e ele próprio tinha uma predilecção pelo filme que fez com Ermanno Olmi –, a imagem que vem imediatamente à cabeça quando se pensa em Rutger Hauer é a dessa notável cena final de Blade Runner, quando o belo e assustador “replicante” Roy Batty aparece, semi-nu e ensanguentado, no chuvoso topo de um prédio, com uma pomba branca na mão e a sombra de uma ventoinha nas costas, e dirige ao seu caçador humano (Harrison Ford) um memorável discurso de despedida que o próprio actor ajudou a escrever.

Nos últimos anos, Rutger Hauer participou em filmes como Sin City: A Cidade do Pecado, de Frank Miller e Robert Rodriguez, ou Batman – O Início, de Cristopher Nolan, ambos de 2005, e em filmes de terror, assumindo em vários o papel de vampiro. Em 2013, desempenharia um pequeno papel no filme português RPG, incursão de Tino Navarro e David Rebordão na ficção científica; data dessa altura a sua única entrevista ao PÚBLICO.

Nascido em 1944 em Breukelen, a cidade holandesa da qual o bairro nova-iorquino de Brooklyn tomou o nome, Rutger Hauer era filho de professores de teatro, mas antes de seguir a tradição familiar e ingressar na Academia de Teatro e Dança de Amesterdão ainda fugiu de casa, aos 15 anos, e andou um ano embarcado a limpar o convés num navio de mercadorias.

A par da sua carreira de actor, Hauer foi um activista de causas ambientais e criou ainda uma organização de combate à SIDA. Casado em segundas núpcias com Ineke ten Cate, com quem vivia há 34 anos, deixa uma filha, Aysha Hauer, nascida em 1966.

Em 2007 o actor publicou a sua autobiografia, escrita em colaboração com Patrick Quinlan, que intitulou All Those Moments: Stories of Heroes, Villains, Replicants, and Blade Runners. Mas continuou também a actuar praticamente até morrer, como o confirma o facto de integrar o elenco de quatro filmes actualmente em pós-produção, incluindo Emperor, de Lee Tamahori.

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