Tunísia “merece atenção específica” da UE, diz Augusto Santos Silva
A partir de Janeiro do próximo ano, Tunes quer ter assento no Conselho de Segurança da ONU e conta com o apoio da diplomacia portuguesa.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português defendeu esta segunda-feira que a Tunísia “merece uma atenção específica” por parte da União Europeia (UE), no final de uma reunião com o seu homólogo tunisino que classificou de “muito produtiva”.
“Portugal é um advogado na União Europeia da Tunísia no que se refere à necessidade de individualizar a Tunísia, que merece uma atenção específica da parte da União Europeia”, disse Augusto Santos Silva, adiantando que está a ser concluída a negociação do acordo de comércio livre entre as duas partes.
O chefe da diplomacia de Portugal assinalou que a Tunísia deve contar ainda com a atenção política do bloco europeu “para favorecer a transição democrática (...) e a consolidação da democracia” no país do Norte de África.
O ministro dos Negócios Estrangeiros tunisino, Khémaies Jhinaoui, disse que a UE é o “primeiro parceiro” da Tunísia, que vê “nesta parceria (...) não apenas uma relação económica e comercial, mas também um modelo de sociedade, o que seguiu a Tunísia”.
“Queremos que os nossos amigos europeus nos ajudem e nos continuem a apoiar para consolidar ainda mais o processo democrático e também para encorajar as empresas europeias a investirem na Tunísia, porque não há democracia sem desenvolvimento económico”, adiantou.
Augusto Santos Silva e Khémaies Jhinaoui, que estiveram antes do encontro na abertura do Fórum Económico Portugal e Tunísia, congratularam-se com a excelência das relações bilaterais e evocaram as posições comuns em relação a diversos temas.
O ministro português indicou que, em relação aos temas regionais, “as posições dos dois países são muito próximas”, classificando as relações bilaterais a nível político como “excelentes”.
“A Tunísia vê em Portugal um parceiro não só próximo, mas também um parceiro com o qual tem posições semelhantes e por isso espera aprofundar relações bilaterais”, declarou Khémaies Jhinaoui, que agradeceu a Portugal o apoio para que, a partir de Janeiro, Tunes tenha assento no Conselho de Segurança da ONU.
Jhinaoui disse ter constatado no fórum “o interesse de várias empresas portuguesas em explorar uma possibilidade de cooperação e de investimento na Tunísia e vice-versa”, adiantando que os tunisinos estão contentes por cada vez mais portugueses visitarem a Tunísia, que garantiu ser “um país seguro que faz tudo para assegurar segurança dos seus cidadãos e convidados”.
O chefe da diplomacia tunisina recordou ainda que a Tunísia vai ter eleições legislativas a 6 de Outubro (no mesmo dia que Portugal) para salientar que a “democracia recente” do país “se está a consolidar cada vez mais, apesar das vicissitudes do contexto regional e das dificuldades da economia tunisina”.
“Mas existe determinação de todas as formações e famílias políticas na Tunísia em avançar pela via da consolidação do processo democrático no país”, disse ainda. A Tunísia é vizinha da Argélia, abalada por um movimento de contestação desde Fevereiro, e que Jhinaoui considerou que tem dado “ao resto do mundo um excelente exemplo de civismo” por todos os protestos decorrerem “numa atmosfera pacífica”.
O ministro disse que o seu país espera que os “irmãos argelinos consigam resolver” o problema. “Estamos convencidos de que têm os meios, a capacidade para o fazerem e a sabedoria para o fazerem e fazerem-no bem no interesse dos argelinos e de toda a região”, adiantou.
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