Lirismo e tragédia, no teatro como no fado
Da admiração mútua entre a fadista Aldina Duarte e a actriz Isabel Abreu nasceu a peça Malfadadas, co-criada pelo encenador Miguel Loureiro e pelo músico Filipe Raposo. No D. Maria II, entre 20 e 28 de Julho, quatro mulheres transitam entre diferentes mundos, sem se fixarem em nenhum.
Imaginando sempre novos mundos para os fados tradicionais, Aldina Duarte pediu há quase dez anos aos seus letristas habituais que escrevessem a partir de um ponto de vista diferente, inspirando-se em obras literárias. Manuela de Freitas, notável actriz dos palcos portugueses, profunda conhecedora da linguagem do fado e municiadora regular de poemas para os discos de Camané e Aldina, correspondeu ao pedido com versos que reflectem sobre três mulheres que há muito povoam as salas de teatro: Medeia (de Eurípides), Mary Tyrone (Jornada para a Noite, de Eugene O’Neill) e Blanche Dubois (Um Eléctrico Chamado Desejo, de Tennesse Williams). Era também uma forma de Manuela de Freitas voltar a habitar três corpos que tinha conhecido em palco (no caso de Medeia tinha ainda revisitado a personagem em Material Medeia, de Heiner Müller), três seres com que se tinha confundido na sua carreira e dos quais talvez nunca tenha saído inteiramente.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.