CGTP considera possível aumento salarial de mais de mil euros
Central sindical dá início, nesta quarta-feira, a uma ronda de reuniões com os partidos políticos, onde vai defender um aumento dos salários e do salário mínimo.
A CGTP considera possível um aumento salarial superior a mil euros por trabalhador, em média, e vai usar essa perspectiva para defender o aumento generalizado dos salários junto dos partidos com representação parlamentar, a partir desta quarta-feira.
De acordo com um documento que a comissão executiva da Intersindical aprovou esta semana para ser entregue aos diversos grupos parlamentares, tendo em conta a riqueza produzida anualmente pelos trabalhadores e o valor médio das remunerações, existe “um potencial de aumento de 1344 euros por mês por trabalhador”.
“Partindo da riqueza que todos os anos os trabalhadores criam no nosso país e aquela que é distribuída sob a forma de remunerações, verificamos o enorme potencial de aumento geral dos salários e do salário mínimo nacional [que em 2019 é de 600 euros]”, lê-se no documento a que a Lusa teve acesso.
Em 2018 a riqueza produzida foi superior a 200 mil milhões de euros, refere a central sindical, que, descontando o desgaste dos meios de produção, diz que a produção de riqueza foi de 166,8 mil milhões de euros.
Segundo a CGTP, este valor corresponde a 41.122 euros anuais por trabalhador, cerca de 2.937 euros por mês.
Dado que o valor médio das remunerações foi de 1.593 euros por mês, incluindo todos os rendimentos brutos do trabalho, impostos sobre o rendimento e as respectivas contribuições para a Segurança Social, a central considera que os aumentos salariais podem chegar, em média, aos 1.344 euros.
A CGTP refere ainda, a propósito, que se o salário mínimo tivesse evoluído conforme a inflação e a produtividade, seria de 1.137,56 euros em 2020.
Além disso, segundo a central sindical, os gastos com pessoal (salários e contribuições para a Segurança Social) são, em média, 14,15% do total de gastos das empresas, e na generalidade das empresas não ultrapassa os 20% do total de custos.
Para as grandes empresas estes custos são um décimo do total e no alojamento não chegam a um quarto do total de encargos das empresas.
“Assim, o aumento geral dos salários e do salário mínimo terá um impacto imediato que, tal como comprovam as últimas actualizações, não põe em causa a vida das empresas. Se acompanhado pela redução dos custos de contexto, por exemplo com a reposição do IVA da electricidade na taxa mínima, o nível de encargos poderá manter-se praticamente inalterado, e parte da receita do Estado não realizada por esta via será recuperada via IRS e IVA que o aumento do rendimento induzirá”, defende a CGTP.
A Inter inicia nesta quarta-feira um ciclo de reuniões com os grupos parlamentares, com um encontro com os deputados do PCP, para lhes apresentar as reivindicações a que gostaria de obter resposta no quadro das eleições legislativas de 6 de Outubro.
Aos deputados vai entregar o documento Por um Portugal com futuro, no qual se defende o aumento geral dos salários, a valorização das profissões, a revogação de várias normas do Código do Trabalho, a estabilidade e segurança no emprego, a regulação dos tempos de trabalho e as 35 horas de trabalho semanal para todos, a melhoria dos serviços públicos e uma política fiscal mais justa.