Açores considerados “local de esperança” para a conservação dos oceanos

Reconhecimento veio da parte da fundação criada pela oceanógrafa Sylvia Earle.

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Sylvia Earle na Cimeira da National Geographic de 2018 em Lisboa Miguel Manso

O arquipélago dos Açores foi classificado como um Hope Spot (Local de Esperança) para a protecção dos oceanos pela fundação Mission Blue – Sylvia Earle Alliance, um reconhecimento que pretende fazer da conservação do mar da região uma prioridade.

O reconhecimento foi anunciado esta terça-feira na Horta, ilha do Faial, numa conferência de imprensa em que estiveram presentes a oceanógrafa norte-americana Sylvia Earle e o secretário regional do Mar, Ciência e Tecnologia do Governo dos Açores, Gui Menezes.

Em declarações aos jornalistas, a bióloga marinha considerou que a candidatura açoriana foi “certeira”, “por causa dos recursos naturais” que o arquipélago tem, “mas também por causa das pessoas, que estão dispostas a dedicarem-se a fazer alguma coisa, a dar provas do que aqui se passa, e porque importa falar pelo oceano, pelas baleias e pelos sistemas que aqui existem”.

Os Locais de Esperança são áreas essenciais para a saúde dos oceanos e, com esta classificação, pretende-se divulgar a importância do arquipélago como habitat de diversas espécies marinhas e promover acções de exploração e protecção do oceano, apoiando pessoas e comunidades, explica o comunicado de imprensa da fundação Mission Blue.

“Apesar do progresso que tem sido feito, ainda há muito a fazer” no arquipélago, que “está sob pressão devido a algumas actividades piscatórias e poluição marinha”, refere ainda o comunicado.

A candidatura açoriana, avaliada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), contou com o apoio de vários investigadores do Centro de Investigação Okeanos e do Observatório do Mar dos Açores e o envolvimento do Governo dos Açores, através da Direcção Regional dos Assuntos do Mar, explicou Gui Menezes no comunicado.

O governante considerou a classificação como “um reconhecimento muito importante” de “um sítio especial, que mantém alguma integridade em termos de biodiversidade” e que é “único em termos de potencial de descoberta científica e de conhecimento do mar profundo”. “Os próximos dois anos serão decisivos para os Açores na área do mar”, afirmou o secretário regional, lembrando que o executivo está a preparar os planos de gestão das áreas marinhas protegidas, bem como o plano de ordenamento do espaço marítimo.

Em Fevereiro deste ano, a região assumiu, em parceria com a Fundação Oceano Azul e a Fundação Waitt, o compromisso de 15% da zona económica exclusiva dos Açores ser área marinha protegida. O projecto “Blue Azores” prevê, ainda, um programa de educação para a literacia do oceano, centrado na conservação e no uso sustentável dos recursos marinhos.

A bióloga Sylvia Earle, conhecida como “Jane Goodall dos oceanos”, liderou várias expedições e é autora de diversos estudos, tendo sido a primeira mulher a ser cientista-chefe da agência para os oceanos e a atmosfera dos Estados Undos, a NOAA. Em 2009 lançou a fundação Mission Blue, que tem lutado pela preservação dos oceanos, estabelecendo áreas de conservação marinha por todo o mundo.