Entre 2 de Junho e 11 de Julho, 32 tartarugas-verdes foram encontradas mortas, a maioria devido à ingestão de plástico, nas praias do município brasileiro de Cabo de Santo Agostinho, no estado de Pernambuco, segundo o portal de notícias G1. As mortes foram contabilizadas pela organização não-governamental (ONG) Onda Limpa para Gerações Futuras, que alertou para o número atípico de animais encontrados sem vida entre as praias de Itapuama e Gaibu.
De acordo com o biólogo Felipe Brayner, membro da ONG, 88% das mortes registadas naquela área foram causadas pela asfixia dos animais ao ingerir plásticos deitados ao mar. “O alimento preferido das tartarugas são águas-vivas [alforrecas]. O plástico simula o mesmo movimento dentro do mar e acaba por confundir esses animais”, afirmou o biólogo, citado pelo G1.
O especialista, que faz a monitorização voluntária dessas tartarugas, frisou, no entanto, que o número de espécies mortas pode ser superior ao registado. “Não tenho o controlo de todos os animais. Com certeza, esse número é muito mais alto. Eu dependo de um triciclo e outros objectos para cobrir todo o município do Cabo de Santo Agostinho. Fica quase impossível [contabilizar o total dos casos]”, acrescentou Felipe Brayner acerca das suas limitações.
O biólogo explicou que as tartarugas-verdes são uma das espécies mais vulneráveis devido ao facto de circularem pela zona costeira, fazendo com que sejam mais atingidas pelo comportamento humano. “As pessoas precisam de aprender a viver sem tomar o espaço dos animais”, concluiu Brayner.
O estudo Solucionar a Poluição Plástica: Transparência e Responsabilização, levado a cabo pela World Wide Fund for Nature (WWF), revelou, em Março deste ano, que o Brasil é o quarto país do mundo que mais produz lixo plástico, com 11,3 milhões de toneladas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos da América, China e Índia.
O volume de plástico que vai parar aos oceanos todos os anos é de aproximadamente 10 milhões de toneladas, o que equivale a 23 mil aviões Boeing 747 a aterrarem nos mares e oceanos todos os anos: são mais de 60 por dia, comparou a organização não-governamental. Neste ritmo, até 2030, encontraremos o equivalente a 26 mil garrafas de plástico no mar por cada quilómetro quadrado, revela o estudo conduzido pelo WWF.
“A poluição marinha é um problema transfronteiriço que todos os países partilham. Objectos plásticos viajam nas correntes oceânicas, colocando em risco ecossistemas e a vida selvagem. Sem mudanças sistemáticas urgentes na forma como o plástico é produzido, consumido e eliminado, a poluição do plástico deverá dobrar até 2030”, declarou a ONG.