Os jantares de lagosta e vinho caro obrigaram o ministro do Ambiente de Macron a demitir-se

François de Rugy saiu do Governo, mas diz-se vítima de “linchamento mediático”, após o escândalo em torno dos seus enormes gastos enquanto presidente da Assembleia Nacional francesa e governante.

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François de Rugy diz continuar a ter a confiança do Presidente Macron Charles Platiau/REUTERS

O ministro do Ambiente francês demitiu-se, incapaz de resistir à pressão por causa das revelações do site Mediapart sobre jantares faustosos que organizou no Parlamento, com marisco e vinhos caros, quando era presidente da Assembleia Nacional e dos 63 mil euros que gastou nas obras do apartamento em Paris a que tem direito como ministro.

Rugy sai do Governo a lutar, dizendo-se vítima de “linchamento mediático”, e com a confiança do Presidente Emmanuel Macron, que critica a cultura da “denúncia”. “Não tomo decisões com base em revelações, mas em factos, se não isto torna-se a República da delação”, afirmou Macron na segunda-feira, na Sérvia, onde está em visita oficial, relatou o jornal Le Monde.

Ainda assim, Rugy, antigo deputado de Os Verdes – que substituiu no Ministério da Transição Ecológica Nicolas Hulot, uma figura muito mediática em França, que bateu com a porta em Agosto do ano passado, questionando o empenho de Macron nas políticas ambientais – não teve força para se manter no posto.

Num ano de enorme contestação social, com o movimento dos Coletes Amarelos, o Governo de Macron viu-se embaraçado pela revelação de que Rugy, que foi presidente do Parlamento entre Junho de 2017 e Setembro de 2018,​ organizou uma dezena de jantares de lagosta, champanhe e vinhos provenientes das caves da Assembleia Nacional, alguns no valor de mais de 500 euros a garrafa, quando era presidente daquele órgão.

Entre os convidados do deputado da República em Marcha, o partido do Presidente, havia membros da sua família, e várias pessoas do círculo de amigos da sua mulher. O ex-ministro assegura que se tratavam de “jantares informais ligados ao exercício das funções com personalidades da sociedade civil”.

Arnaud Bazin, presidente da comissão de Deontologia Parlamentar no Senado, instou François de Rugy a dar uma resposta “mais precisa”. “O presidente da Assembleia deve dar o exemplo. É livre de receber seja quem for, mas o orçamento deve permanecer razoável. Os vinhos de prestígio não são indispensáveis.”

Mas há também as obras de “conforto”, pagas pelos contribuintes franceses, no apartamento em Paris a que Rugy tinha direito, como ministro, que ascenderam a 63 mil euros, incluindo a construção de um closet. No Facebook, o ex-ministro disse que os “serviços responsáveis pela gestão dos edifícios do Estado concordaram com a necessidade de efectuar obras de renovação no apartamento, qualificado, cito, como ‘vetusto’”, diz o Le Monde. O montante elevado justifica-se com o facto de se localizar num imóvel que é património histórico, do século XVIII, explicou Rugy.

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