Campeonato de Portugal de Cruzeiros arranca no Porto Santo
Até ao próximo domingo, 23 embarcações vão lutar nas águas madeirenses pela conquista da mais importante prova nacional na classe ORC.
Dezassete anos depois de organizar pela última vez a competição, o arquipélago da Madeira volta a receber a partir desta quinta-feira o Campeonato de Portugal de Cruzeiros ORC, competição que será disputada até domingo em águas madeirenses. A regata, que está incluída nas comemorações dos 600 anos da Descoberta da Madeira e do Porto Santo, tem como organizadores a Federação Portuguesa de Vela, a Associação Nacional de Cruzeiros e a Associação Regional de Vela da Madeira (ARVM), e contará com a participação de 23 embarcações nacionais e internacionais, todas com certificado ORC.
Com tudo pronto para que o evento se inicie, Sérgio Jesus, presidente da ARVM, lembra que “há 17 anos participaram 20 embarcações” no Campeonato de Portugal de Cruzeiros realizado na Madeira, pelo que este regresso à região com 23 equipas é um sinal de que “a chama continua viva”.
O dirigente associativo realçou que a competição estará ligada às comemorações da descoberta da Madeira e do Porto Santo e que, por isso, o evento servirá para “honrar aqueles que há 600 anos estavam numa corrida pela vida e chegaram ao arquipélago durante uma tempestade”.
Assim, foi desenhado um formato que permitiu que “toda a gente convergisse para o Porto Santo, onde podem aproveitar o clima de um destino fantástico, fazendo depois uma regata de ligação entre as ilhas, passando também pela costa Sul e Leste da Madeira”.
Uma das principais responsáveis por a prova ter sido incluída nas comemorações dos 600 anos da Madeira e do Porto Santo foi Dorita Mendonça. A directora regional do Turismo e Cultura considera, em conversa com o PÚBLICO, “importante o regresso do evento” à Madeira, “um destino que oferece condições fantásticas a nível de recursos técnicos e humanos, de logística e das condições naturais”.
Num “ano muito importante para a região”, o Campeonato de Portugal de Cruzeiros “faz todo o sentido” na Madeira e no Porto Santo, e pode servir, segundo a directora regional, para “afirmar o arquipélago como destino capaz de organizar este tipo de eventos”.
Do ponto de vista turístico, Dorita Mendonça referiu que “quem procura a Madeira já não quer apenas sol”, por isso, com o apoio ao evento o governo regional madeirense foi “à procura das novas tendências dos turistas”. “A vela e todos os desportos náuticos de recreio são importantes nesse sentido. O mar ainda tem muito para oferecer.”
Para além do lado económico, Dorita Mendonça lembrou ainda que “o desporto também é uma forma de a Madeira chegar mais longe e permite que os jovens madeirenses possam atingir outros patamares. O Cristiano Ronaldo marcou a história da Madeira, mas podem surgir outros ‘Ronaldos’, quem sabe na vela ou em outros desportos”.
E um desses futuros embaixadores da região pode ser Catarina Sousa Aos 16 anos, já conta no currículo com três campeonatos regionais de Optimist, e um outro regional absoluto e feminino na classe Laser 4.7.
A preparar-se para dar o salto para a classe Radial, a jovem velejadora, que há dois anos participou no Campeonato da Europa realizado na Bulgária, conta ao PÚBLICO que recebeu um convite para integrar a tripulação do Tridente, um dos 23 barcos inscritos no Campeonato de Portugal de Cruzeiros, e não hesitou em aceitar um desafio que a colocará a competir numa “classe mais colectiva, onde é preciso estarem todos em sintomia, ter calma e discutir as ideias”.
Embora o objectivo seja “ganhar experiência e divertir-se”, a velejadora madeirense garante que no Tridente vão lutar “por um óptimo resultado” e está “especialmente curiosa com a regata entre o Porto Santo e a Madeira”: “Nunca fiz nada semelhante. Haverá uma bóia nas Desertas e será uma regata longa e dura. Será preciso jogar com as correntes de Porto Santo e há cruzamentos de ventos.”
Olhando para o passado, a funchalense reconhece que para os jovens da sua geração as comemorações da descoberta da Madeira e do Porto Santo podem “não ter grande significado”, mas “para quem está ligado ao mar, já há a noção que foi valioso para os portugueses, que começaram aí a descobrir oceanos.”
Catarina Sousa prefere, no entanto, voltar-se para o futuro e aí não tem dúvidas: “Agora que vou para uma classe Olímpica, o meu objectivo é um dia participar nos Jogos Olímpicos. Quem sabe em Paris, em 2024, mas ainda tenho muito trabalho pela frente.”