Rui Rio reconhece que há “tumultos a mais no PSD”
Líder do partido confirmou que será candidato a deputado, mas disse que não precisa de ser o número um para nada.
O líder do PSD, Rui Rio, assumiu nesta quarta-feira que gostaria que o partido estivesse melhor, reconhecendo que tem havido “tumultos a mais”. Ainda assim, garantiu que não há outra alternativa ao Governo a não ser o PSD.
“Gostaria que o PSD estivesse melhor. Seria falso e hipócrita, se não reconhecesse que tem havido tumultos a mais. Mas só há uma alternativa ao Governo: o PSD. As próximas eleições ou são ganhas pelo PS ou pelo PSD”, disse Rui Rio em entrevista à Rádio Renascença emitida durante a manhã.
Rio recusou-se a comentar em público a demissão do seu vice-presidente e amigo Castro Almeida, por serem questões internas — “já passou”, disse apenas —, mas admitiu ainda que faz tudo o que está ao seu alcance para evitar as guerrilhas no partido.
Sobre a sua candidatura a deputado (nos últimos dias havia quem admitisse que Rio ficasse de fora das listas), o líder dos sociais-democratas anunciou que integrará uma lista, mas não a encabeçará, como já se percebeu. “O normal é o líder ser candidato”, disse. Contudo, Rio tem consciência de que “há muitos a quererem ser candidatos e não há muitos lugares”, o que dá origem a reclamações e insatisfação. “Também há vaidades”, registou. “Eu dei o exemplo. Não tenho cá peneiras, não preciso de ser o número um para nada.”
A horas do debate sobre o estado da nação — o último da legislatura —, Rio elegeu o que melhorou e o que piorou no país nos últimos quatro anos. Começou pelo que está pior: “Aquilo que elegeria como mais preocupante seria a degradação dos serviços públicos”, disse, enumerando problemas relacionados com a renovação do cartão de cidadão, com os atrasos na atribuição de pensões e com os transportes públicos.
O melhor? “Aquilo que está aparentemente melhor é a economia. As pessoas na rua têm a ideia de que está melhor. Mal fora! Estava cá a troika. Mas se pensarmos em termos de futuro, a economia não está bem. As margens orçamentais não têm sido usadas para o futuro do país. Temos tido mais emprego, mas não temos tido melhor emprego”, referiu.
À questão sobre como conseguir então melhorar a qualidade do emprego, o ex-autarca da Câmara do Porto explicou que “melhores salários” se conseguem com “mais competitividade”. “Ser competitivo no mundo ajuda a melhores salários”, defende. E compete ao Governo dar uma ajuda, aumentando o investimento.
Rui Rio falou ainda sobre as propostas do PSD apresentadas recentemente em matéria fiscal, nomeadamente sobre a promessa feita de reduzir a carga fiscal, e aproveitou para se distanciar do Governo. “Nos últimos dias, o primeiro-ministro disse que iria baixar os impostos sobre o trabalho. Não é isso que eu digo. Eu digo que vou baixar a carga fiscal. Ele trocou uns impostos por outros. Queremos repartir a carga fiscal pelas pessoas e pelas empresas”, explicou.