Jovens patrulham a cavalo serras de Valongo para prevenir incêndios
Projecto “Vigia a cavalo” é uma parceria entre o Centro Hípico de Valongo, a câmara local e o Instituto Português do Desporto e da Juventude. Até Setembro, 30 adolescentes vão fazer três patrulhas diárias.
Trinta adolescentes trocam uma parte das férias, entre Julho e Setembro, por três patrulhas diárias, a cavalo, munidos de binóculos, telemóvel e cartas militares nas serras de Valongo, a fazer a prevenção de incêndios.
O projecto “Vigia a cavalo” resulta de uma parceria entre o Centro Hípico de Valongo e a câmara local, com a colaboração do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), e reúne cerca de três dezenas de jovens numa actividade que, da prevenção à limpeza da serra, tem estimulado o reforço dos apoios.
Abrangendo uma área de 4300 hectares, o território de Valongo tem cerca de 800 hectares que integram a rede Natura 2000, um património que a autarquia diz-se empenhada em proteger, materializando-o, mais um ano, através do protocolo celebrado na semana passada.
Desde 2018 apoiado financeiramente pela autarquia, este ano foram protocolizados 4500 euros de apoio, para além da necessária aprendizagem de montar a cavalo, os jovens recebem formações da Protecção Civil e dos bombeiros locais ao nível das coordenadas e sinalização das serras antes de avançarem serra cima, em grupos distintos, três vezes por dias.
A explicação é dada por Miguel Brandão, presidente do centro hípico, enfatizando que essa formação prévia os prepara para “interpretar as coordenadas e os pontos das serras das Pias e de Santa Justa para, caso haja um incêndio, serem capazes de transmitir a informação”.
Numa conversa serra acima a acompanhar a marcha dos cavalos, parecendo estes indiferentes quer às mudanças no relevo quer ao facto de terem jovens na sela, Miguel Brandão disse à Lusa que desta vigilância “infelizmente, já foram detectados vários fogos”.
Do projecto resultou outro problema que o centro hípico transformou em solução, explicou o responsável, referindo-se ao “lixo que os jovens detectam nas serras e que, depois de marcado nas cartas militares e comunicado, é recolhido e encaminhado para os locais próprios pela câmara”.
No alto da serra de Pias, no ponto 2 de observação das patrulhas, a Lusa falou com os jovens cavaleiros, tendo Beatriz Pereira — de 18 anos e “no projecto desde os 11” — revelado que em 2019 “ainda não foi detectado nenhum incêndio”, nas serras que vigiam.
“No ano passado [2018] detectámos cerca de cinco ignições”, disse a jovem cavaleira, explicando que algumas detecções acontecem quando já há bombeiros a caminho dos fogos, nada que minimize o entusiasmo, pois, explicou, “não estão em patrulha o dia todo”.
Único rapaz da patrulha acompanhada pela Lusa, Tomás Rodrigues, de 16 anos, é um “veterano” da vigilância e garante não imaginar a sua vida “sem os cavalos”, agradecendo pelas competências adquiridas nas “duas formações anuais” promovidos pelos bombeiros e a Protecção Civil.
“Em caso de detecção de fogo, o contacto é feito imediatamente para a Protecção Civil ou Bombeiros de Valongo, mas também recolhemos lixo. Caso o encontremos, o local é marcado nas cartas militares que possuímos e comunicados à nossa sede no centro hípico”, sintetizou o jovem do modo de actuação da patrulha.
O presidente da câmara, José Manuel Ribeiro, destacou a importância da parceria para a autarquia, que a partir de 2018 “reforçou o apoio financeiro”, ao mesmo tempo que se mostrou grato às “dezenas de jovens que passam aqui as suas férias com um comportamento cívico (...) defendendo o bem comum”. “Precisamos que todos colaborem na vigilância, desde a pessoa que passa no carro, até ao agricultor, todos têm de perceber que a vigilância é um comportamento de todos nós”, apelou o autarca.