Operação Marquês: Ricardo Salgado diz que vai responder às perguntas do juiz

Ministério Público questiona, entre outras matérias, a possível influência de Salgado junto do Governo de Sócrates em negócios que tiveram a participação do Grupo Espírito Santo.

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Ricardo Salgado, nesta segunda-feira LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O antigo banqueiro Ricardo Salgado, um dos principais arguidos da Operação Marquês, disse nesta segunda-feira à entrada do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, que tenciona responder às perguntas do juiz.

“Vou responder às questões do meritíssimo juiz”, disse aos jornalistas Ricardo Salgado, que entrou no tribunal, acompanhado pelos seus dois advogados, cerca das 13h30.

No processo Operação Marquês, o Ministério Público questiona, entre outras matérias, a possível influência de Ricardo Salgado junto do Governo de José Sócrates em negócios que tiveram a participação do Grupo Espírito Santo (GES), tais como a contestação à OPA da Sonae sobre a PT em 2006/2007, a cisão da PT Multimédia, a venda da Vivo à Telefónica em 2010 e a compra de 22,28% do capital da Oi por parte da PT.

Ricardo Salgado foi acusado da prática dos crimes de corrupção activa de titular de cargo político, corrupção activa, branqueamento de capitais, abuso de confiança, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada.

A Operação Marquês conta com 28 arguidos — 19 pessoas e nove empresas — e está relacionada com a prática de mais de uma centena e meia de crimes de natureza económico-financeira.

José Sócrates está acusado de crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.

A acusação sustenta que Sócrates recebeu cerca de 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, a troco de favorecimentos a interesses do ex-banqueiro Ricardo Salgado no GES e na PT, bem como garantir a concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento Vale do Lobo, no Algarve, e por favorecer negócios do Grupo Lena.

Na Operação Marquês foram ainda acusados, entre outros, o empresário Carlos Santos Silva (apontado como “testa de ferro” de Sócrates), Joaquim Barroca, ex-administrador do Grupo Lena; Zeinal Bava, ex-presidente executivo da PT; Armando Vara, antigo deputado e ministro e ex-administrador da CGD; Henrique Granadeiro, ex-gestor da PT; e José Paulo Pinto de Sousa, primo de Sócrates.

O processo foi investigado durante mais de três anos, culminado com uma acusação com cerca de quatro mil páginas, tendo a fase de instrução, dirigida pelo juiz Ivo Rosa, tido início em Janeiro, devendo prolongar-se durante todo o ano de 2019.