Mais de 500 mortos em ataques liderados pela Rússia na Síria
Residentes e organizações de defesa de direitos humanos descrevem uso de munições de fragmentação, bombas incendiárias, ataques a hospitais. “Há cidades totalmente esvaziadas” nos piores ataques desde 2015.
Pelo menos 544 civis morreram, e mais de dois mil ficaram feridos, numa ofensiva liderada pela Rússia ao último bastião rebelde no Noroeste da Síria, com uma centena de ataques registados nos últimos dois meses.
A acusação é feita por grupos de direitos humanos e equipas de resgate no terreno.
A 26 de Abril, aviões russos e militares sírios começaram uma ofensiva na parte da província de Idlib e parte da província vizinha de Hama que é controlada pelos rebeldes, na maior escalada desde o Verão passado entre as forças de Bashar al-Assad e os que ainda resistem ao seu regime.
“Os exércitos russo e o seu aliado sírio estão deliberadamente a atingir civis com uma série de instalações médicas bombardeadas”, disse à Reuters Fadel Abu Ghany, responsável de uma organização que monitoriza vítimas da guerra, a Rede Síria para os Direitos Humanos.
Os ataques visando hospitais não foram raros noutros momentos na guerra na Síria.
Entre os mortos, diz a organização, estão 130 crianças. Há ainda 2117 feridos.
A Rússia e a Síria negam que tenham atingido indiscriminadamente civis. Os habitantes nas zonas afectadas descrevem, no entanto, o uso de armas incendiárias e armas com um grande raio de acção pelas forças do regime, com o objectivo de paralisar a vida nos locais controlados pela oposição.
No mês passado, a Human Rights Watch disse que as forças russas e sírias tinham usado munições de fragmentação e armas incendiárias em zonas densamente povoadas.
Habitantes e socorristas dizem que a campanha dos últimos dois meses deixou dezenas de localidades em ruínas. De acordo com as Nações Unidas, pelo menos 300 mil pessoas foram obrigadas a deixar as suas casas para zonas mais seguras na fronteira com a Turquia.
“Há aldeias e cidades totalmente esvaziadas”, disse Ahmad al Sheikho, porta-voz dos serviços de emergência, acrescentando que foi a mais destrutiva campanha vista na região desde que esta foi tomada pela oposição em meados de 2015.