Revista MAD vai deixar de publicar inéditos
O próximo número desta icónica publicação satírica será o último com inéditos e o último a ser vendido em banca. Depois, o que ficará disponível online e em lojas especializadas até ao final do ano são números com reedições de conteúdos antigos.
Criada há 67 anos, a revista MAD, uma publicação satírica norte-americana que influenciou gerações de humoristas, vai deixar de ser publicada tal como a conhecíamos. Segundo a revista The Hollywood Reporter, a próxima edição vai ser a última com conteúdo inédito e apenas vai estar disponível em lojas de banda desenhada e para os subscritores online. Quando chegarem ao fim os seus compromissos com estes assinantes, o que deverá acontecer no final deste ano, a MAD deixará de ser publicada de vez.
A revista bimestral foi fundada em 1952 por Harvey Kurtzman e William Gaines. No entanto, foi só após o editor Al Feldstein ter assumido o seu controlo, quatro anos mais tarde, que este título começou a ter sucesso, atingindo o cume de popularidade em 1974, com dois milhões de exemplares de circulação. Al Feldstein acabou por liderar os destinos da MAD durante os seus 30 anos de maior sucesso.
A revista é reconhecida pelas suas capas extravagantes que parodiam assuntos da actualidade, seja da política, sejam da cultura popular. Nas capas era frequente aparecer a sua mascote, Alfred E. Neuman, o ruivo com uma falha nos dentes.
Depois de uma queda acentuada nas vendas — em 2017 contava apenas com 140 mil subscritores, um valor muitíssimo inferior aos 2,8 milhões de 1973 —, a revista sofreu uma reconfiguração que a levou de Nova Iorque para Burbank, uma cidade da Califórnia ligada à indústria do cinema e da televisão, e renovou por completo a sua equipa editorial. Após estas mudanças colocou a contagem dos seus números a zeros — em Abril de 2018 saiu o “novo” N.º 1.
A empresa-mãe da MAD, a DC Entertainment, emitiu agora um comunicado que não deixa dúvidas quanto ao futuro da publicação: “Após a décima edição, este Outono, não vai haver mais conteúdo novo na revista. Por isso, após da 11.ª edição, a revista vai passar a incluir uma compilação nostálgica do melhor conteúdo clássico dos últimos 67 anos.” A revista vai continuar, no entanto, a publicar a edição especial de final de ano com novos trabalhos e não deixarão de haver, garante a empresa, livros e colecções especiais a ela ligados.
Várias celebridades como “Weird Al” Yankovic, conhecido por criar paródias de músicas, ou Chris Miller, realizador de O Filme Lego e de Chovem Almôndegas, mostraram já nas redes sociais quão desiludidos estão com a notícia do fim da publicação de números regulares da MAD.
“Grandes memórias. Vou ter saudades”, escreveu Miller, recordando os tempos em que trabalhou na redacção da revista. Admitindo estar “profundamente triste”, Yankovic tweetou: “Não consigo descrever o impacto que teve em mim quando era miúdo — [a MAD] é a razão por que acabei por me tornar tão estranho.”
I was an intern at MAD Magazine in 1994. I had no apt in NY so I kept my belongings in the archives & took a daypack & crashed on couches for 3 months.
— Chris Miller (@chrizmillr) 4 de julho de 2019
In the writers room they had a drum kit to do rim shots on bad jokes. Great memories. I’ll miss it https://t.co/xGjrTeefXI
I am profoundly sad to hear that after 67 years, MAD Magazine is ceasing publication. I can’t begin to describe the impact it had on me as a young kid – it’s pretty much the reason I turned out weird. Goodbye to one of the all-time greatest American institutions. #ThanksMAD pic.twitter.com/01Ya4htdSR
— Al Yankovic (@alyankovic) 4 de julho de 2019