Espanha: debate de todos os debates começa a 22 de Julho
Pedro Sánchez ainda não tem maioria para formar governo, mas já decidiu quando é que vai arriscar ir a votos no Congresso de Deputados. Se não conseguir, haverá novas eleições.
As eleições foram a 28 de Abril, os socialistas espanhóis ganharam com maioria confortável, mas não conseguiram eleger deputados suficientes para formar uma maioria governativa. Desde aí, já se passaram as eleições municipais, autonómicas e europeias, Pedro Sánchez multiplicou-se em conversações, até agora sem sucesso. Mesmo assim, num passo em frente, os socialistas decidiram avançar com o debate de formação de governo e a votação para os dias 22 e 23 de Julho.
Quem o anunciou esta terça-feira foi a presidente do Congresso, Meritxell Batet, depois de ter falado ao telefone com Sánchez, primeiro-ministro em exercício. “O país necessita estabilidade e um governo forte”, concordaram os dois socialistas.
No entanto, até agora, o líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) não conseguiu arranjar uma fórmula parlamentar maioritária. As conversas com o Podemos têm esbarrado na intransigência de Pablo Iglesias em ter pastas no Executivo, algo que Sánchez não quer. Além disso, um governo de coligação PSOE/Podemos precisa sempre de outras somas, do apoio ou pelo menos a abstenção de partidos independentistas.
Para ser aprovado logo no dia 23, o governo necessita do apoio de uma maioria absoluta entre os 350 deputados, ou seja, pelo menos 176 eleitos, algo que Sánchez não tem (PSOE e Podemos ficam a 11 dessa barreira) e não se espera que venha a ter. Isso obrigará a uma segunda votação, 48 horas depois, em que lhe bastará uma maioria simples, e aí o apoio ou pelo menos a abstenção dos pequenos partidos será necessária. Caso contrário, terá de haver uma nova maioria parlamentar de apoio ao governo no prazo de dois meses desde a primeira votação ou a Espanha terá de ir a votos.
O “objectivo claro” do debate é que Sánchez consiga convencer os deputados que um governo minoritário é preferível a novas eleições, num país que nos últimos anos se tem visto obrigado a ir frequentemente às urnas.
“Vamos dar ao candidato mais uns dias para falar com os grupos parlamentares e garantir a sua confirmação e a formação de um governo”, afirmou Meritxell Batet.
Corrigido no dia 4 de Julho: em caso de chumbo na segunda votação, não haverá logo eleições, como se escreveu, mas haverá um prazo de dois meses para que uma nova maioria passe no Congresso.