Projecto europeu com 3,5 milhões de euros quer reduzir os impactos dos pesticidas
O objectivo deste projecto iniciado em Setembro de 2018 é aumentar a segurança alimentar e reduzir os impactos dos pesticidas para a saúde humana e o ambiente.
Procurar soluções para reduzir os impactos dos pesticidas. Esta é a grande missão de um projecto europeu financiado pela União Europeia em cerca de 3,5 milhões de euros, informou esta terça-feira a Universidade de Coimbra (UC). Desenvolvido por um consórcio de cientistas, empresários e agricultores de seis países europeus, tem “o objectivo de desenvolver soluções inovadoras que permitam reduzir os impactos negativos do uso de pesticidas no cultivo de fruta e vegetais”.
Este projecto chama-se Optima – de Optimised Pest Integrated Management to Precisely Detect and Control plant diseases in Perennial Crops and Open-field Vegetables – e está a ser desenvolvido desde Setembro de 2018 por um consórcio de cientistas, empresários, produtores e associações de agricultores de Espanha, França, Grécia Holanda, Itália e Portugal.
O estudo envolve uma dezena de investigadores das faculdades de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e de Economia (FEUC) da UC que integram três grupos de investigação: o Centro para a Ecologia Industrial, o Centro de Ecologia Funcional da FCTUC e o Centro de Investigação em Economia e Gestão da FEUC.
Com esta verba, o consórcio liderado pela Universidade de Agricultura de Atenas (na Grécia) está a desenvolver “uma abordagem integrada e holística para a gestão do problema dos pesticidas, avaliando todos os aspectos críticos relacionados com a sua utilização no cultivo de fruta e vegetais, assente em quatro pilares: previsão, detecção, selecção e aplicação”, afirma a FCTUC. Pretende-se também “melhorar o tipo de pesticidas disponíveis no mercado e a forma como eles são aplicados na agricultura, introduzindo novos biopesticidas (bio-PPP, substâncias produzidas a partir de micro-organismos ou de produtos naturais para o controlo de pragas) e técnicas inteligentes de pulverização”, explica Fausto Freire, coordenador da equipa portuguesa e professor do Departamento de Engenharia Mecânica da FCTUC.
O grande objectivo é então “aumentar a segurança alimentar e reduzir os impactos para a saúde humana e ambiente”, sintetiza o investigador.
A primeira fase do estudo, com duração de três anos, “tem como enfoque a investigação e avaliação de pesticidas biológicos e sintéticos (químicos), bem como o seu uso combinado para maximizar o sucesso no controle de doenças e pragas”. O desenvolvimento de “modelos capazes de prever o surgimento de pragas nas culturas e ainda o desenvolvimento de novas tecnologias inteligentes de pulverização”, são igualmente propósitos desta fase da investigação, refere a FCTUC.
As soluções conseguidas pelas várias equipas deste consórcio serão agregadas e posteriormente testadas em três culturas seleccionadas – cenouras (em França), pomares de maçã (em Espanha) e vinha (em Itália) –, em diferentes campos, com a colaboração de cooperativas de agricultores.
A equipa de Coimbra avaliará, posteriormente, os riscos para a saúde humana e ecossistemas, assim como “os impactos ambientais e socioeconómicos do sistema Optima, em comparação com os sistemas tradicionais”. Essa abordagem inclui a “avaliação de ciclo de vida” (impactos directos e indirectos desde a produção até ao consumo), a “análise de risco” e a “análise de decisão multicritério”.
Os resultados deste projecto financiado através do programa europeu Horizonte 2020 irão contribuir para “diminuir a dependência da agricultura europeia em relação aos PPP químicos (pesticidas convencionais)”, acredita Fausto Freire. “O Optima irá fornecer um sistema integrado mais eficiente e sustentável para controlar doenças e pragas, o que contribuirá para diminuir consideravelmente as concentrações de resíduos de PPP na fruta e legumes, reduzindo os riscos e impactos na saúde humana e no ambiente”, conclui o cientista.