Nós, Cidadãos! ignora demissões na direcção e foca-se na coligação com a Aliança

Três elementos da comissão política nacional do partido, incluindo o vice-presidente, bateram com a porta. Esta semana, está marcada uma reunião entre os dois partidos.

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Presidente do Nós, Cidadãos! Mendo Castro Henriques desafiou a Aliança para uma coligação eleitoral “ao centro” daniel rocha

O piscar do olho do Nós, Cidadãos! à Aliança de Pedro Santana Lopes com vista uma coligação eleitoral “ao centro” para as legislativas de Outubro já provocou a demissão de três membros da comissão política nacional (CPN) do partido presidido por Mendo Castro Henriques.

Fernando Couto, vice-presidente do Nós, Cidadãos! bateu com a porta, tendo também renunciado à sua candidatura como cabeça de lista pelo distrito do Porto às legislativas. “A actual liderança do partido não reúne os requisitos para conduzir o partido aos resultados que todos ambicionamos nas próximas eleições legislativas pelo que a sua substituição é única solução”, escreveu o até agora vice-presidente na carta à direcção do partido em que formaliza a sua demissão.

Fernando Couto arrastou consigo mais dois membros da comissão política, mas o presidente do partido não se mostra preocupado, afirmando que “o Nós, Cidadãos! está focado na coligação eleitoral”. “A comissão política nacional é constituída por 12 pessoas e só se demitiram três e por motivos diversos”, declarou ao PÚBLICO Castro Henriques.

Por estes dias, o Nós, Cidadãos! desafiou a Aliança para uma coligação eleitoral “ao centro”, mas as negociações deram apenas pequenos passos. Esta proposta foi aprovada há dias, em reunião da CPN do partido, que decorreu em Espinho, e foi nessa altura que os três membros da comissão política anunciaram as demissões.

Segundo Mendo Castro Henriques, o partido “vai iniciar com o Aliança uma coligação”, para a qual “já há o acordo das comissões políticas”. Além da Aliança, o Nós, Cidadãos! “vai estender esse convite a um conjunto de partidos emergentes”, como é o caso do MPT (Movimento Partido da Terra) e Iniciativa Liberal. “Trata-se de apresentar uma força ao centro, nem de esquerda, identificada com o Governo, nem da oposição de direita, identificada com o PSD e o CDS, e que corresponde à linha orientadora do partido”, afirmou recentemente o líder do partido, citado pela Lusa.

O partido pretende constituir uma plataforma para “promover a democracia e os direitos humanos”, “reformar o Estado, aproximando-o dos cidadãos, mediante reformas políticas, económicas e sociais”, acrescentou.

Luís Cirilo, da comissão instaladora da Aliança, revelou ao PÚBLICO que no início desta semana deverá decorrer uma reunião entre os dois partidos para acertar agulhas. Embora considere que “há condições” para um possível entendimento eleitoral da área não socialista, o dirigente nacional da Aliança observa que “além do Nós, Cidadãos! há outros partidos aos quais foram também endereçados convites, como é o caso do MPT e da Iniciativa Liberal”.

“Neste processo há arestas a limar e entendimentos a fazer e tem de haver convergência programática”. A estas premissas, Luís Cirilo acrescenta uma outra: o “escalonamento da lista de deputados à Assembleia da República”. “Não vai ser um processo fácil”, admite.

A proposta do Nós, Cidadãos! foi analisada em reunião da comissão executiva do partido fundado por Pedro Santana Lopes. A Aliança candidata-se pela primeira vez a umas legislativas, depois da primeira prova de fogo nas europeias de Maio, em que não elegeu nenhum deputado. Nessas eleições, em que concorria com Paulo Morais no primeiro lugar da lista, o Nós, Cidadãos! também não obteve nenhum mandato.

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