Abriu a caça no Japão: “Conseguimos capturar uma esplêndida baleia”

Governo japonês autorizou a caça à baleia, 31 anos depois. Sob uma chuva de críticas, a primeira baleia capturada já foi morta e entregue no porto de Kushiro, na ilha de Hokkaido.

Fotogaleria
A primeira baleia capturada à chegada ao porto de Kushiro, na ilha de Hokkaido JIJI PRESS/EPA/LUSA
Fotogaleria
LUSA/JIJI PRESS / POOL
Fotogaleria
LUSA/JIJI PRESS
Fotogaleria
LUSA/JIJI PRESS / POOL
Fotogaleria
LUSA/JIJI PRESS

Uma pequena frota de pesqueiros japoneses capturou esta segunda-feira as primeiras baleias, depois de o Japão ter autorizado a primeira caça à baleia em 31 anos, gesto que mereceu a condenação generalizada do mundo e receios do que possa vir a acontecer às baleias.

A mudança já era esperada desde Dezembro, quando o Governo nipónico anunciou a sua retirada da Comissão Baleeira Internacional, alegando que são poucas as espécies em vias de extinção e que pretendia voltar a permitir a caça à baleia.

A decisão do Executivo chega depois de longos anos de lobbying da indústria baleeira que sempre advogou a defesa de uma actividade com larga tradição no Japão. O primeiro-ministro, Shinzo Abe, foi eleito pela circunscrição de Yamaguchi, onde se situa a importante cidade baleeira de Shimonoseki, de onde saíram esta segunda-feira bem cedo navios para a caça.

As embarcações vão passar a maior parte do Verão a caçar baleias-anã e baleias-bicuda-de-baird. O primeiro espécime capturado, uma baleia-anã de mais ou menos oito metros de comprimento, chegou ainda durante esta segunda-feira ao porto de Kushiro, na ilha de Hokkaido, no Norte do Japão.

“Este é um grande dia. Estou muito contente pelo reatar do comércio baleeiro”, afirmou à Reuters Yoshifumi Kai, líder da Associação de Pequenos Baleeiros japonesa. “Conseguimos capturar uma esplêndida baleia”, acrescentou.

Desde 1986 que foi imposta internacionalmente a caça da baleia, como forma de recuperar as populações que se encontravam em perigoso declínio. O Japão continuou a fazê-lo comercialmente até 1988, mas mantém desde então um programa científico de captura que os críticos afirmam ser apenas caça comercial com outro nome. Até porque a carne de baleia continuava a ser comercializada nas lojas e nos restaurantes.

“Não estamos embaraçados com aquilo que fazemos, é uma coisa natural”, disse Kai, até porque, garantiu, a quantidade de baleias que se pode caçar não coloca em causa a sobrevivência da espécie.

O Departamento de Pescas japonês estabeleceu para este ano uma quota de captura de 227 baleias, um número bem inferior às 330 baleias que até há pouco tempo eram capturadas na Antárctida.

“Este é um dia triste para a protecção das baleias no mundo”, afirmou Nicola Beynon, da Humane Society International. “A palavra ‘investigação’ pode ter sido removida das paredes da fábrica, acabando finalmente com a charada de arpoar baleias sob disfarce da ciência, mas estas criaturas magníficas continuarão a ser abatidas sem nenhuma razão legítima”, acrescentou a activista.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários