Sudaneses enchem ruas de várias cidades do país e exigem governo civil

Dezenas de milhares de pessoas pedem aos militares que transfiram poder para uma administração civil. Polícia disparou gás lacrimogéneo contra os manifestantes em Cartum.

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Manifestantes em Cartum empunham cartazes de vítimas da repressão e gritam slogans Reuters/UMIT BEKTAS
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O objectivo do protesto é exigir que os militares entreguem o governo aos civis Reuters/UMIT BEKTAS

Várias cidades do Sudão aderiram em massa à convocatória das forças de oposição à junta militar que governa o país desde a queda de Omar al-Bashir, enchendo este domingo as ruas e exigindo a transferência do poder para uma administração civil. As estimativas apontam para dezenas de milhares de participantes e há relatos de lançamento de gás lacrimogéneo e disparos para o ar em Cartum, capital sudanesa.

São as maiores manifestações no país africano desde a repressão violenta das forças de segurança a um protesto civil em frente ao Ministério da Defesa, no início do mês, que resultou na morte de mais de 100 pessoas e deixou feridas outras tantas – e que foi justificada pelos militares como uma operação contra criminosos que se infiltraram no meio dos manifestantes. Os protestos deste domingo pretendem recordar as vítimas desse dia.

Segundo a agência noticiosa AFP, a polícia lançou gás lacrimogéneo e disparou tiros para o ar para dispersar a multidão, em vários distritos de Cartum, incluindo Bahari, no norte da cidade, e Mamura e Arkweit, na zona oriental. Em Gadaref, uma cidade a Leste da capital, também há relatos de acções semelhantes das forças policiais.

A oposição e a comunidade internacional temem que os protestos deste domingo dêem azo a nova resposta agressiva das forças de segurança.

O Sudão é governado pelo Conselho Militar de Transição (TMC) desde que Bashir foi deposto, em Abril. Durante várias semanas esteve envolvido em negociações com o movimento opositor Declaração das Forças da Liberdade e da Mudança, tendo em vista a nomeação de uma administração civil para liderar o processo de transição para a democracia, até haver condições para a convocação de eleições.

As conversas colapsaram na sequência da repressão militar ao protesto do dia 3 de Junho e nem a oferta de mediação do primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, e da União Africana, permitiram o retomar das negociações. O plano do TMC é realizar eleições daqui a nove meses.

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