Pompeii: o fenómeno das sapatilhas chega a Portugal
Quando quatro amigos se juntam para começar um negócio do zero, nasce uma marca espanhola de ténis que herdou o nome de uma música. Não canta, mas encanta. Chama-se Pompeii e está pronta para calçar os portugueses.
Era uma vez um grupo de estudantes espanhóis que decidiram lançar uma marca. Esta narrativa podia muito bem ser o início de uma estória mas a Pompeii - como lhe chamam - é muito real. Tudo começou há cinco anos com Jaime Garrastazu, os irmãos Jorge e Nacho Vidri e Cosme Bergareche. “Somos amigos de escola e cada um escolheu seguir um curso diferente. Quando terminamos a universidade, queríamos começar um projecto juntos”, conta-nos Jaime em entrevista. As opções eram muitas entre camisolas, camisas e calças. A resposta veio do armário dos quatro onde guardavam cuidadosamente os seus ténis. “A ideia surgiu de uma forma muito intuitiva porque fazíamos colecção de sapatilhas. No entanto, não sabíamos nada sobre moda e calçado. Então pesquisámos no Google como é que os ténis eram feitos e, de seguida, começámos a ligar para fábricas”, explica o co-fundador.
Em busca de fornecedores, com vinte e poucos anos encheram-se de coragem e foram à procura de quem os pudesse ajudar. Acabaram a explorar a indústria de Elche, em Alicante. Com um investimento inicial de 18 mil euros, saídos das poupanças de cada um, gastaram 12 mil antes mesmo de ver um protótipo feito. Com o que restou, conseguiram fabricar 349 sapatos em três cores diferentes. “Não tínhamos dinheiro nem para fabricar mais um par”, conta Nacho entre risos. Chamaram-lhes os Backstreet Boys fora de moda e, mesmo sem cantar, encantaram várias cidades de Espanha com os primeiros pares fabricados pela marca. “A aventura começou quando pegámos numa carrinha emprestada (da mãe do Jorge e Nacho Vidri) e começámos a vender os sapatos de cidade em cidade”, recorda Jaime Garrastazu. À semelhança de uma loja pop-up, só vendiam os ténis num único fim-de-semana de cada mês. “Tínhamos cerca de quatro mil seguidores nas redes sociais e, como uma banda de música, anunciávamos que íamos estar a vender os ténis. Mas porquê só um fim-de-semana por mês? Não tínhamos mais dinheiro. Cada vez que vendíamos ténis, investíamos o dinheiro para fazer mais sapatilhas.”
Assim conseguiram vender quatro mil pares de “zapatilhas” e, uns meses depois, replicaram o formato no mundo digital. “Abrimos o nosso site mas o botão de comprar também só aparecia três dias por mês. Funcionou mas, na altura, não estávamos cientes que ia resultar tão bem”, confessa Jorge Vidri. Em 2015, facturaram 560 mil euros e, até ao momento, venderam mais de 200 mil pares de ténis em Espanha. O modelo favorito dos clientes é o “Higby” que representa o verdadeiro ADN da Pompeii: um produto divertido para pessoas divertidas sem se tornar banal, onde a qualidade é um factor dominante, adaptável do dia para a noite, do trabalho para o lazer. O objectivo da Pompeii passa por combinar a formalidade dos sapatos com a informalidade dos ténis. Mas já lá vamos. O nome, esse, foi herdado de uma música. “Queríamos um nome rápido, directo e internacional. Um de nós estava a aprender a tocar guitarra e só sabia tocar a Pompeii do Bastille. E nós gostámos do nome”, afirma Jaime Garrastazu. Talvez por carinho, ou quiçá repetição, Pompeii ficou.
A volta ao mundo em sapatilhas
“Pompeii surge como consequência de uma viagem e, essa aventura, abriu-nos a mente”, explica Nacho Vidri. “Mas apesar de gostarmos muito de vender, aquilo que mais gostávamos era da experiência de descobrir lugares e conhecer pessoas novas.” Apelidaram essa sensação de Mundo e descrevem-na como a vontade de conhecer mais, de querer experimentar, de abraçar a incerteza, de falar com novas pessoas, de conhecer outras culturas e de ouvir. “Noutras palavras, queremos inspirar. É difícil verbalizar a nossa forma de viver mas queremos transmitir esta viagem a todas as pessoas que conhecerem a marca”, acrescenta Jorge. Rapidamente começaram a vender para fora de Espanha e, num piscar de olhos, receberam encomendas da Ásia. Da plataforma online seguiu-se a abertura da primeira loja física no centro de Madrid, em Dezembro de 2018.
“Sempre quisemos criar uma marca global e sempre pensámos em fazê-lo através das redes sociais e do online. Mas agora percebemos que as lojas físicas também melhoram muito a experiência do cliente. Quem diria que os clientes que já compram a marca online também querem ir à loja comprar?”, questiona Jaime.
Actualmente, a Pompeii é considerada uma das marcas de ténis mais promissoras do seu segmento, comercializando os seus produtos em Itália, França, Alemanha e no Reino Unido. Um produto criado por jovens que apaixonou o mercado Europeu pelo seu conforto e cores coloridas, que conta até ao momento com mais de 20 pontos de venda na Europa e 250 mil seguidores nas redes sociais - 175 mil no Instagram e 81 mil no Facebook.
De Espanha para Portugal
Cinco anos de crescimento constante que os levou a fechar o ano de 2018 com mais de quatro milhões de euros e uma equipa de 35 pessoas, entre o escritório e o retalho. Em 2019, esperam facturar mais de cinco milhões de euros. Por enquanto, pretendem expandir-se a nível internacional numa viagem por caminhos portugueses. A primeira paragem foi o lançamento do primeiro e-commerce em português, onde poderão ser encontradas todas as colecções existentes e serviços especiais como: entrega em 48 horas, serviço de devolução ilimitado e gratuito durante 365 dias. Seguiu-se uma breve presença no Stylista Market no Porto e em Lisboa, oferecendo aos portugueses a oportunidade de experimentar a marca pela primeira vez.
“Acreditamos que há mercado em Portugal e é por isso que queremos apresentar a marca e perceber se gostam dela”, explica o trio de amigos. A pensar nisso, acabaram de lançar uma colecção cápsula com a marca portuguesa de fatos de banho de homem DCK - composta por três calções de banho e um par de ténis. Um salto entre fronteiras para um homem aventureiro, divertido que valoriza a qualidade e o design. “Esta parceria simboliza a forte aposta que a Pompeii está a fazer no mercado português, produzindo lado a lado com a DCK. Sendo esta uma das marcas portuguesas mais conhecidas, consideramos que é uma óptima forma de cativar o povo português.” Nos próximos cinco anos, esperam ter uma marca presente em vários países e uma marca que venda mais do que sapatilhas. “Mas há que trabalhar muito para chegar lá. E claro, Portugal tem de comprar! Se Portugal comprar, abrimos uma loja”. Fica a promessa feita.