Ai Weiwei estreia-se na ópera com Turandot, de Puccini

O controverso artista chinês Ai Weiwei vai realizar o seu primeiro trabalho nas artes cénicas: Turandot terá encenação, design de cenários e de guarda-roupa do activista dissidente.

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Petar Kujundzic/REUTERS

O artista plástico e activista chinês Ai Weiwei, conhecido pelo seu percurso de crítica ao regime, vai ingressar no mundo da ópera com a encenação de Turandot, a inacabada ópera de Giacomo Puccini (o compositor morreu antes de a terminar), que teve a sua estreia em Milão no ano de 1926.

O Teatro dell'Opera anunciou que o dissidente chinês, actualmente a trabalhar em Berlim, terá também a seu cargo o design dos cenários e do guarda-roupa e que Turandot terá já estreia marcada para Março, na temporada 2020/2021 daquele teatro. A ópera que teve na sua origem na peça de teatro de Carlo Gozzi, escrita em 1762, tem como pano de fundo o imaginário ancestral da China imperial. Turandot contém uma das mais belas e famosas árias da história do bel cantoNessun dorma.

O artista, citado pela Reuters, defendeu querer uma versão “adaptada ao mundo contemporâneo e debruçando-se sobre questões políticas da actualidade”.

Ai Weiwei foi colocado em prisão domiciliária em 2010 e preso durante três meses num local secreto, acusado de evasão fiscal e bigamia, em Abril do ano seguinte. Depois de liberto, foi impedido de viajar, e só em 2015 lhe devolveram o passaporte, ano em que se mudou para Berlim com a sua família.

Em Abril, a exposição de Ai Weiwei no México, com um mural que retratava em lego 43 estudantes de Ayotzinapa desaparecidos durante protestos contra as reformas de ensino, foi uma vez mais foco de polémica — o caso dos universitários desaparecidos em 2014 tornou-se um escândalo nacional denunciando ligações da polícia municipal ao narcotráfico.