Profissionais da saúde defendem nova maternidade de Coimbra nos Covões

Conselho de Administração diz que solução passa pela instalação no pólo central. Autarquia está contra.

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Nelson Garrido

Um grupo de profissionais de saúde de Coimbra juntou-se para contestar a intenção anunciada de instalar a nova maternidade da cidade no perímetro dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC). O movimento que reúne médicos, enfermeiros e assistentes operacionais elaborou uma carta aberta dirigida ao Ministério da Saúde, por uma nova Maternidade de Coimbra localizada no Hospital dos Covões e organiza nesta quarta-feira, uma sessão para divulgar o seu conteúdo, às 17h30, na Praça 8 de Maio.

No texto, o movimento argumenta que a instalação de uma maternidade nos HUC “sobrecarregará ainda mais o espaço, agravará os problemas do trânsito e do estacionamento e irá agudizar o congestionamento de serviços”.

A criação de uma nova maternidade em Coimbra para substituir tanto a Bissaya Barreto como a Daniel de Matos, ambas inseridas no miolo urbano, é um processo que se arrasta há anos . As exigências não se aplicam apenas à futura maternidade, explica ao PÚBLICO Fernando Martinho, médico cirurgião aposentado e um dos membros do movimento. Enquanto esse processo não chega a uma conclusão, defende que não se deve “deixar degradar as maternidades existentes com a promessa de uma nova”. Na carta, pode ler-se que as duas maternidades “sofreram com a deterioração das instalações e com o desinvestimento, agravados com a concentração da administração das unidades hospitalares de Coimbra”.

A ida da maternidade para os Covões, entendem os profissionais, permitirá “aproveitar a capacidade instalada e reduzir custos de implantação e de construção”. Isto para além de criar uma “boa oportunidade para reverter uma dinâmica de perda de valências do Hospital”, bem como aproveitar a proximidade de outras instituições de saúde.

No início deste mês, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse em Coimbra que tinha recebido uma proposta formal do conselho de administração do hospital para que a nova maternidade se localizasse no perímetro dos HUC, apontando, citada pela agência Lusa, que "os estudos técnicos e todas as opiniões técnicas” reforçam essa opção.

A localização até já tinha sido anunciada em Abril de 2018 e a opção era a área dos HUC. Em conferência de imprensa conjunta, o presidente do conselho de administração do CHUC, Fernando Regateiro, e a presidente da Administração Regional de Saúde do Centro, Rosa Reis Marques, disseram que a solução custaria 16 milhões de euros, mas não avançaram se seria preciso construir um novo edifício ou se bastaria instalar a maternidade noutro espaço já existente.

Regateiro justificou a escolha do pólo central com “razões de segurança das grávidas”, uma vez que estariam mais próximas de serviços como cirurgia muscular, urologia, cardio-toráxica ou cuidados intensivos. O responsável repetiu esta argumentação já este mês e disse aos jornalistas que o Hospital dos Covões não teria dimensão nem respostas para um serviço de obstetrícia e neonatologia “inseridos num hospital de apoio perinatal diferenciado”.

No entanto, este pólo central tem a oposição da câmara e assembleia municipal de Coimbra, bem como da comunidade intermunicipal. O presidente da autarquia, Manuel Machado, já por várias vezes manifestou preocupação com a pressão exercida nos acessos e estacionamento aos HUC e vai reunir na próxima terça-feira, dia 25, com a ministra da Saúde.

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