Militar português ferido na República Centro-Africana foi submetido a amputação bilateral

Devido a um “traumatismo grave dos membros inferiores”, o militar português que ficou ferido num acidente na República Centro-Africana teve de ser submetido a uma “amputação bilateral”, diz o Estado-Maior-General das Forças Armadas.

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Miguel Manso

O militar português que ficou ferido na República Centro-Africana sofreu um “traumatismo craniano sem perda de conhecimento” e um “traumatismo grave dos membros inferiores” que obrigou a “amputação bilateral”, revelou o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) esta sexta-feira. 

Numa actualização da situação clínica do Soldado Comando, o EMFGA informou que o militar foi “estabilizado no local do acidente de viação”, que ocorreu na quinta-feira à tarde, e transferido de helicóptero para o hospital da missão das Nações Unidas na capital do país, Bangui.

No hospital “foi submetido a uma cirurgia emergente, de controlo de danos, tendo sido verificada a necessidade e efectuada uma amputação bilateral dos membros inferiores”, “sem intercorrências no intra ou pós-operatório imediato”, é acrescentado na nota informativa.

A operação de evacuação aeromédica de Bangui para Lisboa foi realizada esta sexta-feira “aos primeiros alvores”, numa aeronave da Força Aérea Falcon, com acompanhamento médico a bordo, com cerca de seis horas de duração.

Pelas 14h45, o militar chegou ao serviço de urgência do Hospital das Forças Armadas (HFAR) em Lisboa e, à entrada, “encontrava-se consciente, colaborante, orientado e hemodinamicamente estável”.

“Está agora em fase de avaliação multidisciplinar laboratorial, imagiológica e clínica diferenciada, envolvendo diferentes especialidades médico/cirúrgicas. Irá ficar internado na Unidade de Cuidados Intensivos do HFAR para monitorização e vigilância da evolução clínica” prevendo-se uma “evolução e prognóstico favoráveis”, refere a nota.

O EMFGA destaca que o HFAR “tem disponíveis as capacidades necessárias para garantir o tratamento actual e recuperação futura do militar acidentado” e que os psicólogos da unidade hospitalar e do Exército estão a prestar apoio ao soldado e à família.

Está também em curso um “processo de averiguações deste acidente em serviço, para apuramento das causas que levaram ao despiste da viatura”.

O EMGFA informou na quinta-feira que um militar português ao serviço das Nações Unidas na RCA ficou ferido com gravidade devido a um acidente de viação.

O acidente aconteceu enquanto realizavam um trajecto logístico junto à região de Bouar, situada a 350 quilómetros a noroeste da capital do país, quando ocorreu o despiste e capotamento de uma das viaturas tácticas ligeiras blindadas HMMWV, vulgarmente conhecidas por “Humvee”.

A nota referia serem ainda desconhecidas as causas do acidente, mas que “a forte precipitação que assola a região, bem como o estado altamente precário da rede viária, poderão ter contribuído para o despiste”.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

O Governo controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA), cujo 2.º comandante é o major-general do Exército Marco Serronha.

Portugal integra a MINUSCA, com a 5.ª Força Nacional Destacada (FND), e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), que é comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.