A cantiga ainda é uma arma, e eles sabem

Começou por ser um concerto e chega agora a disco, cinco anos depois. Não é uma homenagem, são canções de José Mário Branco revistas por Luca Argel, Marfa, Osso Vaidoso, Batida, Primeira Dama, Guta Naki, Ermo, JP Simões, Camané, Lavoisier, The Walkabouts, SINGLE, Peste & Sida, Ruas, Mão Morta e João Grosso a dizer FMI na íntegra, com tudo o que lhe vai na alma.

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diana quintela/arquivo

A cantiga é uma arma, ontem como hoje. Nem que seja para gritar ódio apenas ao vazio, como escreveu José Mário Branco no seu assombroso FMI. E nem é para aqui chamado o discurso da canção de intervenção, ou da canção de protesto, mas sim o da música que reflecte a vida com os seus anseios e temores, as suas dores e as suas miragens de utopias. As canções de José Mário Branco estão neste rol, e muitas provocaram um estremecimento a quem pela primeira vez as ouviu, na aprendizagem de interrogar-se e interrogar o mundo. Sabemos como elas soaram a cada passo da sua feitura, da sua estreia pública, da sua gravação, na voz de quem as criou. E noutras vozes, como soariam? O jornalista e radialista Rui Portulez pensou nisso, em 2013, meteu mãos à obra e nasceu um concerto, em 2014. Agora, cinco anos passados, surge nas lojas Um Disco Para José Mário Branco, que, reflectindo o espírito desse concerto, não é uma homenagem ao autor, mas sim uma revisitação de várias das suas canções por um lote heterogéneo de intérpretes.

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