Presidente do governo catalão sobre a independência: “Voltaremos a fazê-lo”

Quim Torra desafiou a Justiça espanhola que julga os líderes do referendo da autodeterminação e o Governo de Madrid, garantindo que continuará o processo de separação de Espanha.

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Quim Torra a discursar no parlamento catalão Marta Pérez/EPA

“Voltaremos a fazê-lo, claro que sim”, enfatizou o presidente do governo catalão, esta quinta-feira no Parlamento da Catalunha. Num claro desafio ao Governo de Pedro Sánchez e ao Tribunal Supremo de Espanha, que esta quarta-feira terminou de julgar os organizadores do ilegalizado referendo de autodeterminação catalão, Quim Torra.

“Se queremos independência, vamos fazer com que aconteça”, disse o chefe do executivo regional durante a sessão desta manhã no parlamento catalão. “Voltaremos a fazê-lo porque este país sabe muito bem o que quer. Este país realizou um referendo de independência e podemos tudo”, sublinhou.

Perante essas afirmações, o líder do Cidadãos na câmara, Carlos Carrizosa, pediu a Torra que adiantasse como iria agir, caso o Tribunal Supremo decida condenar aos arguidos do julgamento do processo político catalão, mas o presidente do governo não pormenorizou as suas intenções, reiterando apenas a intenção de repetir o que passou em 2017.

Torra tem-se reunido com os líderes independentistas (Esquerda Republicana da Catalunha, Ómnium, Assembleia Nacional Catalã) para estabelecer um caminho que permita voltar a actuar de forma unida, algo que não tem sucedido desde os acontecimentos que levaram à declaração unilateral de independência e depois a aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola que suspendeu os organismos autonómicos.

As palavras do líder do executivo catalão faziam ecoar no hemiciclo regional as alegações finais de Jordi Cuixart, o presidente da associação independentista catalã Òmnium, na última sessão do julgamento no Tribunal Supremo: “Voltaremos a fazê-lo e continuaremos a fazê-lo: pacificamente, serenamente com toda a determinação do mundo”. Porque, acrescentou, “se a violência policial não aguentou o 1 de Outubro, alguém acredita que os catalães deixarão de lutar pelo direito à autodeterminação?”, acrescentaria.

O julgamento dos 12 arguidos do processo de independência da Catalunha (nove deles em prisão preventiva há mais de um ano) terminou na quarta-feira depois de ouvidas 422 testemunhas durante 52 sessões ao longo de quatro meses (começou a 12 de Fevereiro). Acusados de rebelião, sedição, utilização indevida de dinheiro público e desobediência, os 12 enfrentam a possibilidade de serem condenados a longas penas de prisão, mas as sentenças só deverão ser anunciadas depois do Verão pelo colectivo de sete juízes presidido por Manuel Marchena.

Os 12, mais os outros sete políticos que estão no exílio, incluindo o antigo presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, são os principais líderes do processo que culminou com a declaração unilateral de independência da Catalunha a 27 de Outubro de 2017.

Como escrevia José Antich esta quarta-feira, em editorial no Elnacional.cat, “o catalanismo, antes, e o independentismo hoje têm uma característica fundamental: a perseverança”. Tal como ficou demonstrado nas alegações finais destes “dirigentes políticos e sociais que aceitam o seu destino como elos de uma corrente pela luta nacional da Catalunha, pelas liberdades e pelo reconhecimento do direito à autodeterminação, algo que hoje se traduz em acertar um referendo”.

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