O Aniki Bobó continua por reabrir, um ano depois do previsto

A reabertura do bar histórico estava marcada para o primeiro semestre de 2018. A promotora a quem a autarquia entregou a gestão do espaço diz que obras de adaptação estão a atrasar o processo.

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Obras no mítico bar portuense estão atrasadas Nelson Garrido

A reabertura estava prevista para o primeiro semestre de 2018, mas o Aniki Bobó ainda continua de portas fechadas. Assim continuará até que sejam realizadas obras de adaptação para que possa funcionar como espaço de concertos, adianta a Lovers & Lollypops, promotora que ficará responsável pela segunda vida do bar mítico portuense, situado no coração da Ribeira, em prédio que é propriedade da câmara.

O projecto continua em cima da mesa, garante o responsável pela promotora, Joaquim Durães. Nada mudou entre a parceria estabelecida com a autarquia. Alterou-se apenas a data de reabertura. O bar não reabriu dentro do tempo estipulado, mas “reabrirá”. Falta saber quando, diz o promotor, que prefere não arriscar nova data.

O bar, na sua primeira versão, era também casa de concertos, mas não cumpre os padrões que agora são exigidos para que as bandas possam ali tocar com as melhores condições técnicas. É o que está a atrasar este processo. “É preciso garantir que tudo fique a funcionar como queremos”, diz Joaquim Durães, que em 2017 adiantou ao PÚBLICO ter traçado como objectivo tornar o Aniki Bobó num espaço de concertos “que por acaso também tem um bar”, ao contrário do que acontecia anteriormente, quando era um bar que ocasionalmente também tinha música ao vivo. 

Durante as duas décadas em que funcionou, até encerrar em 2005, por ali passaram vários nomes da música nacional como Anamar, Rádio Macau, Pedro Abrunhosa & os Bandemónio, Radar Kadafi, Ornatos Violeta, Madredeus ou Clã. Ali despontaram alguns daqueles que vieram a ser dos grupos mais relevantes do cenário nacional, mas também se criou uma espécie de segunda casa para as bandas do Porto e arredores. Se nos anos 1990 o espaço cumpria os requisitos mínimos para que a experiência em palco fosse satisfatória, em comparação com o que havia na época, hoje os parâmetros são outros.

O que continuará a ser igual, dizia-nos o novo responsável pelo espaço em 2017, é a base que sustentava o projecto, quando ainda quem estava responsável pelo rumo do Aniki Bobó era o dono original – António Guimarães, conhecido por Becas, actualmente proprietário do cinema Passos Manuel, reconvertido pelo mesmo em bar também preparado para concertos. Partindo dessa premissa, o desafio será adaptá-lo à realidade actual, “mantendo o espírito do local”, para que continue a ser um “ponto de encontro informal de melómanos”.

Para que esse objectivo seja cumprido, a Lovers & Lollypops irá continuar a seguir “a mesma linha” que vem seguindo desde que foi fundada, em 2006, ao nível da programação, com propostas musicais nacionais e internacionais de “vanguarda” e mais “experimentais, mas, num “espaço intimista”, que não estará exclusivamente entregue à promotora. Outras promotoras terão oportunidade de levar para ali as bandas que promovem.

Será o Aniki Bobó o centro nevrálgico da actividade da Lovers & Lollypops, também editora e responsável pelo festival Milhões de Festa, em Barcelos, para complementar um eixo que já existe no Porto composto pelo Maus Hábitos, Passos Manuel (do antigo proprietário), Plano B ou até do clube de rock Barracuda, que abriu no início de 2018, depois de o proprietário ter encerrado o Cave 45, no final do ano anterior.

O prédio da Rua da Fonte Taurina, que ainda conserva a placa original com o nome do bar, é propriedade da câmara. Inicialmente, a autarquia tinha pensado tornar aquele local na base da Fonoteca Municipal de Vinil, que mais tarde decidiu instalar na Plataforma de Campanhã, que brevemente estará a funcionar em pleno, para ser também a nova casa da própria Lovers & Lollypops, de um estúdio de gravações e de outras estruturas ligadas à música. Tendo o edifício ficado livre, a autarquia abriu as portas à promotora para poder cumprir um desejo antigo – ter um espaço próprio para continuar a desenvolver o trabalho iniciado há 13 anos.

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