Sindicatos denunciam “ponto de ruptura” na oncologia do Centro Hospitalar Tondela-Viseu
Há mais de 400 doentes a fazer quimioterapia no centro hospitalar e outras “centenas” que precisam de fazer o tratamento, mas que estão “em suspenso” devido à saturação do serviço.
O Centro Hospitalar de Tondela-Viseu “atingiu o ponto de ruptura” no serviço de Oncologia e os profissionais de saúde dizem-se incapazes “de garantir a consulta e tratamentos de quimioterapia para novos doentes”. A situação foi denunciada nesta terça-feira através de um documento assinado pelo Sindicato dos Médicos da Zona Centro (da Federação Nacional dos Médicos – FNAM), pelo Sindicato Independente dos Médicos e pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos.
As três estruturas consideram que o centro hospitalar é “altamente deficitário em recursos humanos e limitado por instalações físicas” com fracas condições.
“São operados neste centro hospitalar cerca de 350 doentes com patologia oncológica do aparelho digestivo, 160 doentes com cancro da mama e ainda doentes oncológicos do foro ginecológico e urológico”, lê-se no comunicado. E há ainda “centenas” de pessoas a fazer quimioterapia endovenosa no centro hospitalar, assim como outras “centenas” que precisam deste tratamento.
A saturação do serviço era “previsível” há meses e faz com que haja doentes que precisam de quimioterapia que estão “em suspenso à espera de uma solução” – o que pode condicionar a eficácia do tratamento. “Para estes doentes oncológicos, muitos deles debilitados física e psicologicamente, uma solução que envolva múltiplas viagens para outra instituição é simplesmente incomportável”, refere o comunicado.
“É responsabilidade da tutela, o Ministério da Saúde, assumir a condução deste assunto de extrema gravidade e que é, aliás, fruto da política de desinvestimento do SNS [Sistema Nacional de Saúde]”. O PÚBLICO contactou o Ministério da Saúde, a Administração Regional de Saúde do Centro e o Centro Hospitalar Tondela-Viseu — constituído pelo Hospital São Teotónio (Viseu) e pelo Hospital Cândido de Figueiredo (Tondela) —, mas ainda não obteve respostas.