Já temos banda-sonora para as Noites de Verão

O jazz de Peter Evans, o hip-hop de Vado Más Ki Ás e de Sho Madjozi, o transe de HHY & The Macumbas, os Curl de Mica Levi e as canções a solo de Maria Reis fazem parte da programação do ciclo que dá música aos finais de tarde lisboeta. Em Julho e Agosto, com entrada livre.

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O rapper português Vado Más Ki Ás inaugura as Noites de Verão dia 5 de Julho DR
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O último concerto caberá a Peter Evans, dia 23 de Agosto Peter Gannushkin
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HHY & The Macumbas tocam a 19 de Julho Bruno_Mesquita
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A sul-africana Sho Madjozi encerra os concertos de Julho, dia 26,A sul-africana Sho Madjozi encerra os concertos de Julho, dia 26 Garth von Glehn,Garth von Glehn
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Maria Reis, guitarrista e vocalista das Pega Monstro, apresenta-se a solo dia 9 de Agosto,Maria Reis, guitarrista e vocalista das Pega Monstro, apresenta-se a solo dia 9 de Agosto Sara Graça,Sara Graça
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O australiano Oren Amabarchi actua a 16 de Agosto DR
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Raw Forest, alter-ego de Margarida Magalhães, protagoniza o primeiro concerto de Agosto, dia 2 DR

Chega o Verão e isto. Há dez anos que é isto e, portanto, torna-se seguro afirmar que isto já é uma tradição estival. Isto são as Noites de Verão, que levam uma programação ecléctica ao Museu do Chiado, o local onde nasceram, e ao Jardim dos Coruchéus, que passou também a acolhê-las (os concertos de Julho terão lugar no Jardim, os de Agosto no Museu). Do jazz à música exploratória, da electrónica e do hip-hop aos sons de outras latitudes, directa ou indirectamente ligados à nossa, muito para apreciar nos quentes fins de tarde, noite a chegar, de Julho e Agosto – às sextas-feiras, a partir das 19h30, com entrada gratuita.

A programação 2019 foi agora revelada e mostra-se fiel à história construída até aqui. Tudo começa com Vado Más Ki Ás, rapper crescido no Bairro 6 de Maio, Damaia, um dos mais respeitados actualmente no panorama nacional pela agilidade lírica e pela forma como a sua música é representação sonora perfeita para o olhar agudo que lança à realidade que o rodeia (5 de Julho). Tudo terminará a 23 de Agosto com um concerto a solo do trompetista americano Peter Evans.

A abertura e o fecho das Noites de Verão fazem-se com escolhas que acabam por reflectir de forma particularmente feliz a personalidade da iniciativa, organizada pela promotora Filho Único com co-produção da EGEAC, das Galerias Municipais de Lisboa e do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado. Move-se entre o olhar local e a atenção ao mundo mais vasto, unindo os dois no mesmo gesto. Com Vado Más Ki Ás, temos uma voz da periferia que terá forçosamente de ser aceite como centro, social e musicalmente. Assim o obriga a força vital da música que o rapper português de ascendência cabo-verdiana vem editando, assim o obrigam as rimas, onde convivem o português, o crioulo e o inglês, que vem revelando – Na correria é um óptimo ponto de partida para o descobrir.

Com Peter Evans, fecha-se o círculo: é um dos grandes nomes do jazz e da improvisação contemporâneas, com um percurso de que se destacam, entre mil colaborações, parcerias com John Zorn, Joe McPhee, Jim Black ou Peter Brötzmann. Evans é desde o ano passado cidadão lisboeta, tendo na cidade o porto de onde parte para as suas actividades mundo fora e também um laboratório de novas experiências – estreará a 15 de Julho na Galeria Zé dos Bois as suas sessões Som Crescendo, onde terá como primeiro parceiro o baterista Gabriel Ferrandini, entre outros.

Muito teremos visto semana a semana quando o trompete de Evans se silenciar na noite do Museu do Chiado, pondo fim às Noites de Verão de 2019. Em Julho, depois de Vado Más Ki Ás, muita curiosidade para assistir no dia 12 ao concerto de Curl, a nova plataforma criativa de Mica Levi, revelada ao leme dos imprescindíveis Micachu & The Shapes, autores de um dos álbuns da década passada, Jewellery. Em Curl, surge rodeada por dois MCs, Coby Sey e Brother May, membros residentes aos quais se juntam convidados flutuantes (a Lisboa virão TONE e Rox) para dar corpo sonoro à vibração globalizada de Londres.

A programação de Julho completa-se, no dia 19, com os obrigatórios HHY & The Macumbas, xamãs do ritmo, exploradores dub, noise, afro-beat, jazz e quanto mais for necessário para que o transe seja uma realidade (Beheaded Totem, o segundo álbum, foi um dos destaques na edição nacional de 2018), e, no dia 26, com a rapper sul-africana Sho Madjozi. Estreou-se em longa-duração no ano passado com Limpopo Champions League e chamou a si as atenções com música que, emanando do presente social e musical da África do Sul, se expande noutras direcções, ou não tivesse o seu percurso de vida passado também pelos Estados Unidos ou pela Tanzânia.

Em Agosto, chegará, no dia 2, Raw Forest, alter-ego de Margarida Magalhães, criado em 2011, através do qual a música trabalha uma electrónica imersiva, assente nas tradições da ambient music e da new age – estreou-se em EP recentemente, com Post-Scriptum. Na semana seguinte, 9 de Agosto, atenções centradas no percurso a solo de Maria Reis, guitarrista e vocalista das Pega Monstro que, depois do EP Maria, se prepara para editar o primeiro longa-duração em nome próprio, Chove na Sala, Água nos Olhos – reflexivo no que as Pega Monstro são expansivas, pop despida de adornos no lugar da explosão eléctrica da banda que partilha com a irmã Júlia Reis. Completa a programação o australiano Oren Ambarchi. Guitarrista, percussionista, homem da electrónica, improvisador livre, foi colaborador dos Sunn O))) e o fundador, há dez anos, da editora Black Truffle, dedicada à música electrónica e experimental. Trará ao Museu do Chiado a música de Simian Angel, álbum com edição marcada para Julho e inspirado no seu grande apreço pela música brasileira.

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