“Luta” de pais das crianças internadas no S. João do Porto só termina com ala pediátrica

Na terça-feira, o presidente do Conselho de Administração, Fernando Araújo garantiu que a construção da ala pediátrica do Centro Hospitalar Universitário de São João deverá iniciar-se até ao final do ano. Dada a urgência da construção, a Lei do Orçamento de Estado para 2019 autorizou o centro hospitalar a recorrer ao procedimento de ajuste directo na contratação.

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Paulo Pimenta

O porta-voz da Associação Pediátrica Oncológica do Hospital de São João, no Porto, congratulou-se hoje com a transferência das crianças com cancro para o edifício principal, mas afirmou que “a luta” só terminará com a construção da ala pediátrica.

O internamento de pediatria do São João funciona em contentores provisórios desde 2011. Hoje, as oito crianças com patologia oncológica são transferidas para o edifício principal. No final Junho, também as 24 crianças de pediatria geral serão transferidas dos contentores para um edifício de alvenaria, de acordo com o hospital.

“A passagem das crianças com cancro dos contentores para o edifício central é uma óptima notícia, é bom para as crianças que deixam de sofrer estes transportes miseráveis e deixam de correr riscos de vida, mas não podemos esquecer a construção da ala pediátrica. Isto não acaba aqui”, disse o porta-voz da associação, Jorge Pires.

O responsável frisou: “o edifício tem de ser construído, não pode ser esquecido”.

“Nós tememos muito que esta administração do hospital e o Governo, findo este problema da oncologia, tentem realojar as outras crianças e desistam de construir o edifício da ala pediátrica”, afirmou.

Jorge Pires sublinhou, por isso, a necessidade de permanecerem “vigilantes”, garantindo que “a luta só acaba quando ala pediátrica estiver totalmente construída”.

“É uma luta que se arrasta há um ano. Conseguimos mudar, primeiro, o hospital de dia e agora o isolamento para o edifício central. São duas batalhas muito importantes, que nos ensinam que vale a pena lutar por aquilo que é realmente importante”, disse.

Em seu entender, “a partir de Junho não há nada que impeça o ajuste directo da obra”.

“Estamos em cima, à espera que chegue o dia 15 de Junho para questionar quais são os próximos passos para a obra começar o quanto antes. Não é dizer que a obra vai começar depois das eleições, é começá-la antes das eleições, porque há tempo para fazer isso. Se houver vontade a obra começa”, acrescentou.

Na terça-feira, o presidente do Conselho de Administração, Fernando Araújo garantiu que a construção da ala pediátrica do Centro Hospitalar Universitário de São João deverá iniciar-se até ao final do ano.

“Tudo indica que durante este ano, e espero que de forma precoce, possamos iniciar a obra no terreno”, disse aos jornalistas o ex-secretário de Estado Adjunto e da Saúde.

Fernando Araújo explicou que o projecto de arquitectura, que foi entregue a 29 de Abril, está em fase de revisão, devendo estar concluída durante o mês de Junho.

O grupo de trabalho independente designado pelo hospital para estabelecer critérios de selecção de empresas para a obra já está a fazer a selecção, salientou.

“O grupo de trabalho, que é liderado pela Ordem dos Engenheiros, nomeadamente pelo engenheiro Poças Martins, está a seleccionar as empresas a quem vamos pedir propostas para este projecto”, vincou.

Os prazos da empreitada estão a decorrer dentro do planeado, o que é uma “boa notícia”, adiantou.

Em face da urgência da construção desta empreitada, a Lei do Orçamento de Estado para 2019 autorizou o centro hospitalar a recorrer ao procedimento de ajuste directo na contratação.

A ala pediátrica, a funcionar em contentores há cerca de 10 anos, assenta na construção de um edifício funcional adaptado aos cuidados multidisciplinares de elevada diferenciação prestados a crianças e adolescentes com doença complexa na região Norte.