CDS recusa Lei de Bases da Saúde para “servir interesses eleitorais” da esquerda

“Não deixaremos que a LBS se transforme num brinquedo ideológico das maiorias de esquerda”, afirmou Nuno Magalhães. Assunção Cristas evita polémica com Marcelo

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Nuno Ferreira Santos

O CDS-PP prometeu nesta segunda-feira opor-se à Lei de Bases da Saúde, em discussão no Parlamento, recusando um diploma feito “de véspera e em vésperas de eleições” apenas para “servir os interesses eleitorais da esquerda e da extrema-esquerda”.

“Não deixaremos que a Lei de Bases da Saúde se transforme num brinquedo ideológico das maiorias de esquerda”, afirmou o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, na abertura das jornadas parlamentares dos centristas, no Porto, dedicadas à saúde.

O CDS-PP, afirmou ainda, não aceitará uma “Lei de Bases feita de véspera e em vésperas de eleições”, não para melhorar a saúde das pessoas”, mas “apenas para servir os interesses eleitorais da esquerda e da extrema-esquerda” que governa o país, desde as legislativas de 2015, através de um executivo do PS com o apoio parlamentar de BE, PCP e Os Verdes.

Na quinta-feira, Carlos César, líder parlamentar socialista, considerou que a nova Lei de Bases da Saúde pode ser aprovada por todas as bancadas, “talvez com a excepção do CDS-PP”, e invocou as “responsabilidades históricas” do PSD no plano político.

Na sexta-feira, a votação dos artigos polémicos da proposta de Lei de Bases da Saúde, como as parcerias público-privadas, em discussão no Parlamento, foi adiada para dia 11 de Junho. No mesmo dia, o PSD afirmou estar disponível para incluir “sugestões do PS” no seu projecto de alteração da Lei de Bases da Saúde, desafiando os socialistas a contribuírem para o que classificou como proposta “equilibrada, moderada e inclusiva”.

Numas jornadas dedicadas à saúde, o líder parlamentar centrista atacou duramente o Governo pela gestão que foi feita nesta área e afirmou que “não só não salvou [o Serviço Nacional de Saúde] como o agravou”, dando como exemplo o hospital de Gaia, que os deputados vão visitar, e que foi “vítima” das cativações orçamentais do ministro das Finanças, Mário Centeno. O SNS, concluiu, precisa de “ser salvo deste Governo e desta maioria de esquerda”.

Até ao fim da legislatura, os centristas prometem estar atentos e vigilantes ao executivo em áreas como a falta de apoio às forças e aos serviços de segurança, protecção civil e prevenção e combate aos incêndios ou ainda alertar contra o “abuso fiscal” do Estado, como a operação stop.

As jornadas parlamentares do CDS-PP terminam nesta terça-feira, com um discurso da presidente do partido, Assunção Cristas.

Nesta segunda de manhã, a líder centrista evitou entrar em polémica com Marcelo Rebelo de Sousa sobre a crise na direita, mas advertiu que, “como é a preocupação do Presidente”, o partido está “a trabalhar” para ser uma oposição forte.

"Oposição forte”, diz Cristas

Comentando pela primeira vez as palavras de Marcelo, que na sexta-feira, alertou para o risco de uma crise no centro-direita, Assunção Cristas salientou o trabalho de oposição - "séria e responsável” - feito pelo CDS e garantiu que, depois do fraco resultado nas europeias de 29 de Maio, está “a trabalhar intensamente para as coisas serem diferentes” nas legislativas.

Os centristas têm a mesma preocupação do Presidente da República, que é “ser uma oposição forte, sempre construtiva, que mostre uma alternativa para o país”. Apesar das três perguntas sobre o tema, incluindo se Marcelo se teria excedido nas suas considerações, a líder centrista respondeu sempre da mesma maneira e no mesmo tom.

“Temos trabalhado intensamente para ser essa oposição [de direita]. As eleições legislativas são em Outubro, em Outubro veremos. Cada eleição é uma eleição”, afirmou Assunção Cristas, a meio de uma acção de voluntariado dos deputados centristas quer foram ajudar a pintar um refeitório no centro paroquial de Valbom, em Gondomar, na abertura dos dois dias de jornadas parlamentares.

“O CDS está a trabalhar muito intensamente com vista às eleições legislativas, fizemos um trabalho muito intenso na oposição, uma oposição sempre construtiva, sempre procurando mostrar aquilo que faríamos de forma diferente, nomeadamente na valorização de um estado social de parceria, que congregue o sector publico, social e privado”, disse ainda.

Internamente, depois dos 6,2% do CDS nas europeias, e de o partido ter ficado em quinto nas eleições, Cristas admitiu que quando há “resultados maus”, os momentos são “mais difíceis", mas que agora pretende olhar para as próximas eleições.

“Cada eleição é uma eleição”, afirmou, sublinhando que, no domingo, numa eleição intercalar, PSD e CDS venceram as eleições para a câmara de Castro Marim, distrito de Faro.