Di Maio tem a confiança do Cinco Estrelas, mas já se fala numa data para eleições em Itália
A vontade cada vez mais clara da Liga de Matteo Salvini assumir as rédeas do poder em Roma faz crescer especulação sobre eleições a 29 de Setembro.
O líder do Movimento 5 Estrelas, Luigi Di Maio, recebeu o apoio de 80% dos militantes do partido e continuará no cargo, menos de uma semana depois da derrota nas eleições europeias. Di Maio prometeu “uma profunda reorganização” do partido, mas é a coligação de Governo com a Liga de Matteo Salvini, que ganhou as europeias, que parece cada vez mais periclitante.
Desde a vitória da Liga no domingo, o equilíbrio de forças no Governo de coligação italiano inverteu-se: o Movimento 5 Estrelas (M5S) tinha ganho as legislativas do ano passado com cerca de 30%, e a Liga de Salvini teve 17%. Mas nas europeias, o MS5 teve 17% e a Liga 34%. Desde então, o vice-primeiro-ministro Salvini tem-se comportado como se fosse já primeiro-ministro, clamando pela criação de um imposto de taxa única (flat-tax) e alterações às regras orçamentais impostas pela União Europeia.
Salvini tem disparo também contra vários ministros do 5 Estrelas, que gostaria de ver sair do Governo, como Danilo Toninelli (Transportes), Elisabetta Trenta (Defesa) e Sergio Costa (Ambiente), numa altura em que um subsecretário de Estado da sua Liga, Edoardo Rixi, foi forçado a deixar o executivo depois de ser condenado por peculato e fraude.
O primeiro-ministro Giuseppe Conte – designado pelo 5 Estrelas – não tem escondido a incomodidade com esta renovada ânsia de governar de Salvini, sentindo-se desautorizado. Os jornais italianos têm dado conta das suas declarações nesse sentido, algumas veladas, outras nem tanto.
Após um encontro com o Presidente Sergio Mattarella, Conte emitiu um comunicado “em que não se nota já a certeza que a legislatura seguirá por quatro anos”, nota o jornal La Stampa. “Limita-se a falar de uma agenda que o Governo cumprirá ‘durante o resto da legislatura’ – uma fórmula genérica válida sabe-se lá por quanto tempo.”
A verdade é que esta semana se começou a falar insistentemente de uma data como o dia provável das eleições antecipadas: 29 de Setembro. É o último dia viável para marcar eleições antecipadas este ano e ainda dar tempo ao novo executivo para elaborar e fazer aprovar no Parlamento um novo Orçamento do Estado, para enviar à União Europeia, cumprindo as regras do euro. Por tudo isto, há outra data-limite de que se fala: 19 de Julho. Este seria o último dia para poder convocar eleições.
Corrigidos valores das percentagens de vitória nas eleições legislativas e europeias