Crianças com cancro no São João passam, na sexta-feira, para o edifício principal
O anúncio foi feito pela ministra da Saúde Marta Temido no parlamento.
As crianças com doença oncológica em tratamento no hospital de São João, no Porto, vão passar na sexta-feira para o edifício principal da unidade, deixando de estar em contentores.
O anúncio foi feito esta quinta-feira pela ministra da Saúde, Marta Temido, durante um debate no Parlamento, depois de questionada pelo PSD e pelo CDS sobre a situação da ala pediátrica do hospital de São João.
“Amanhã [sexta-feira], segundo o presidente do conselho de administração, os meninos que recebem tratamentos na oncologia pediátrica passarão para o edifício principal do hospital”, afirmou Marta Temido, salientando que cumpriu “tudo aquilo” que anunciou.
A ministra tinha assumido já no Parlamento que até Junho as crianças com doenças oncológicas da ala pediátrica do São João deixariam as instalações em contentores onde se encontram.
Em Março, o conselho de administração interino do Hospital de São João, no Porto, avançou ainda que as obras da nova ala pediátrica deverão estar concluídas em 2021.
Foi deslocada uma verba para a conta do hospital de 19,8 milhões de euros e há também um valor de três milhões de euros que engrossou o capital social e que a administração pediu que fosse adjudicado à ala pediátrica.
“Tem sido nossa preocupação, e da tutela, em progressivamente retirarmos as crianças dos contentores”, afirmou à data na Comissão Parlamentar de Saúde José Artur Paiva, que está a presidir interinamente desde Fevereiro o Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ).
O ex-director clínico do hospital adiantou que estão a ser feitas obras no piso oito do hospital, o que vai permitir “a deslocalização de um serviço que também está em contentores, que é a neurocirurgia, para esse piso” e com isso agrupar toda a hemato-oncologia no mesmo local.
“Nós poderemos, e é este o plano, colocar toda a área cirúrgica da pediatria em áreas em que há deslocalização destes serviços, nomeadamente no piso quatro que poderá vir a conter no final de Maio toda a área cirúrgica da pediatria”, adiantou, em Março, José Artur Paiva na comissão, onde foi ouvido a pedido do CDS-PP a propósito da renuncia do antigo presidente do conselho de administração em continuar no cargo após o fim do mandato (que ocorreu no final do ano passado).
O Parlamento aprovou em Novembro, por unanimidade, a proposta de alteração do PS ao Orçamento do Estado para 2019, de forma a prever o ajuste directo para a construção da ala pediátrica. Medida que o presidente do conselho de administra considera que vai permitir agilizar todo o processo e cumprir os prazos previstos para o início da construção.
O Ministério Público chegou a abrir um inquérito, em Março, aos contractos de aluguer dos contentores onde estão instalados os serviços de pediatria e neurocirurgia do Hospital de São João, no Porto, depois de no ano passado a bastonária dos enfermeiros ter denunciado o negócio. Numa resposta enviada à agência Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) indicou que “os elementos recolhidos deram origem a um inquérito, que se encontra em investigação”.
Já o Hospital de São João, no Porto, revelou, na altura, que avançou com um inquérito aos contractos de aluguer dos contentores, mas dado não existirem “indícios de irregularidades” decidiu não promover diligências adicionais.
Contudo, a unidade de saúde adiantou que, “a bem da transparência”, decidiu igualmente enviar o relatório final do processo de inquérito, acompanhado do parecer da assessoria jurídica, à procuradora-geral da República para conhecimento e realização das diligências entendidas como adequadas.
Este mês, também a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) revelou à Lusa que tem em curso “um processo de inquérito” aos contentores de internamento pediátrico do Hospital de São João (HSJ), no Porto.
A polémica sobre os contentores instalados no Hospital São João surgiu após denúncias de falta de condições de atendimento e tratamento de crianças com doenças oncológicas.